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Exibindo conteúdo com a maior reputação em 12-04-2021 em todas áreas

  1. Como achar a espinha de uma vara de pesca. Certa vez observei em uma pescaria de praia com fortes correntes laterais, que uma vara de carbono da marca X apoiada verticalmente na espera constituída de um tubo cilíndrico, insistia em virar para o lado, deixando os passadores e o molinete conseqüentemente virados também. Esta vara submetida à tensão se curvava e rolava sobre seu eixo para o lado direto num angulo aproximado de 60° em relação à linha da água. Era uma situação no mínimo incomoda, pois outra vara de carbono da marca Y usada nas mesmas condições ficava estável, ao se curvar para a frente. Não girava sobre seu eixo, mantendo os passadores e molinete alinhados e apontando para a frente. Percebi que a vara X sempre que se curvava respondendo a um esforço, tinha uma tendência natural à torção. Evidentemente a torção deveria estar ocorrendo não só quando se curvava para a frente, mas também quando se curvava para trás, durante o arremesso. Um determinado dia em uma pescaria pesada, usando a mesma vara X mas desta vez com carretilha, tive oportunidade de lutar com um peixe de respeito e pude sentir o desconforto de se usar uma vara com tendência à torção. A cada puxada violenta o terceiro estágio se torcia e sentia o blank como querendo girar na minha mão. Essa vara por ser muito forte tem resistido às torções, mas sei que está ocorrendo uma fadiga no material que logo cobrará seu preço..... Tenho como outro exemplo, uma vara de carbono mais fraca, leve e flexível da marca Z que apresentava um grave problema de torção, mas continuei a usá-la por um bom tempo aceitando-a como foi concebida..... Ela acabou se quebrando num arremesso mais forçado mas dentro do seu casting médio. A quebra ocorreu logo após o encaixe do terceiro estágio (haste mais fina de uma vara de três partes). Depois de analisar a situação, conclui que a vara se quebrou devido a fadiga causada pela torção. Micro rachaduras começam a ocorrer na resina epóxi que cimenta as fibras de carbono, com o tempo elas se propagam enfraquecendo a região afetada. Estou longe de querer escrever um tratado sobre quebra de varas, mesmo porque é um assunto complexo. Cada vara tem seu histórico e pequenos acidentes sofridos pela vara no dia a dia, podem uma vez somados favorecer a quebra "inexplicável" da vara em um arremesso leve. Meu objetivo ao escrever este tópico, é tão somente mostrar porque algumas varas tubulares torcem e quais as consequências. Estamos nos referindo exclusivamente às varas concebidas pelo processo de enrolamento da manta de carbono pré cortada e impregnada com resina em um mandril metálico no tamanho e formato final de cada parte ou estágio da vara. Se a vara X de marca Y apresenta torções, não significa na prática que todas as varas X, desta marca estão com o problema. Mas o controle de qualidade das varas feitas em série, aos montões, podem eventualmente estar negligenciando a questão da chamada espinha da vara e sua relação com o posicionamento dos passadores e por conseguinte do próprio reel seat. ESPINHA DA VARA Toda vara fabricada pelo processo de enrolamento da manta impregnada com resina em um mandril metálico terá um lado mais grosso e portanto mais duro, conseqüência da inevitável sobreposição da camada de manta no final do enrolamento. Este lado é conhecido como espinha da vara. No entanto, nem sempre a espinha tem uma dimensão uniformemente distribuída ao longo do comprimento de cada segmento da vara. Dependendo do corte da manta, a sobreposição poderá ser maior ou menor em certas partes da vara. Acumulo de resina durante o processo, escorrimento interno, etc ... em menor grau podem influenciar na dureza localizada da vara, portanto para se fabricar uma vara equilibrada, o ideal seria falarmos de ESPINHA EFETIVA, que seria a média de todas as forças que estão contribuindo para que um lado da vara fique mais duro. A espinha efetiva pode ser encontrada através de vários métodos. Podemos usar equipamentos chamados de SPINE FINDERS, que são usados inclusive nas montagens de tacos de carbono para golf. Nos spine finders de tubo, basta colocar a parte mais grossa da haste dentro do tubo e aplicar uma carga forçando a ponteira para baixo, simulando uma puxada. A espinha da vara automaticamente pulará para cima, fazendo a haste girar no sentido inverso à carga aplicada. Podemos usar um método mais simples e igualmente eficaz para se achar a espinha efetiva da vara, baseado na rolagem da haste sobre uma superfície lisa. Em varas de Surf Casting, este método é aplicável para se determinar a espinha principalmente do terceiro estágio da vara ( tubular mais fino e flexível ) e eventualmente do segundo estágio, desde que o tubular da mesma tenha suficiente flexibilidade. Em hastes muito rígidas, a coisa se complica ..... Os equipamentos chamados de Spine Finders podem ajudar nesta tarefa. O vídeo abaixo mostra um Spine Finder em ação e embora se refira à espinha da haste de carbono de tacos de golfe, por analogia pode ser aplicado perfeitamente aos blanks das varas tubulares de pesca, que também são construídas com mantas de carbono e resina moldadas em mandril. Para se evitar que a vara torça quando submetida à uma força, recomendamos que os passadores sejam alinhados tendo por base as explicações abaixo. Nos molinetes, os passadores são instalados no lado inverso da espinha e nas carretilhas os passadores são instalados sobre a espinha. Na prática, respeitadas estas configurações, os arremessos e recolhimentos com molinetes e carretilhas acabam usando sempre o lado certo da vara. Em outras palavras carretilhas e molinetes usariam o lado mais duro da vara para o arremesso e o lado mais flexível para o recolhimento e luta com o peixe. Existem algumas montagens especiais, na qual os passadores são instalados com um determinado ângulo em relação ao eixo da espinha da vara. Algumas teorias afirmam que este procedimento favorece certos tipos específicos de arremesso ..... eu não gostaria de entrar no mérito da questão, mesmo porque não tenho conhecimento para tanto! Prefiro ficar dentro do contexto apresentado. Equilíbrio e balanceamento de uma vara de alto desempenho. Uma vara bem equilibrada e balanceada, não torce e portanto não bamboleia no estágio final do arremesso. Depois do disparo, quando a vara já liberou a energia acumulada, ela deve voltar à sua posição de descanso horizontal após um ligeiro trabalho para cima e para baixo dentro do eixo 0 - 180°. Quanto mais rápida for a vara, mais rápido será o retorno à posição original. Quanto mais lenta a ação da vara, mais fácil será a observação do comportamento desequilibrado da vara cuja espinha não tenha sido considerada na montagem. Abaixo procuramos demonstrar isso através do diagrama: Uma vara com o movimento de bamboleio, conforme explicado e mostrado na foto superior tem grandes chances de causar um enrosco na linha do arranque com a ponteira e com os passadores perto da ponteira. O resultado pode ser a ruptura da haste. Com arranques de multifilamento, não são raros os casos da haste ser decepada. Os tacos de golfe, são feitos de carbono e muita atenção tem sido dada ao equilíbrio. Os torneios de golfe são milionários e portanto muita tecnologia tem sido aplicada na construção das hastes. Se fala e se estuda o assunto da espinha de maneira séria. Gostaria de mostrar alguns vídeos que tratam do assunto do equilíbrio, mostrando a movimentação das hastes de carbono dos tacos de golfe em várias situações. Os conceitos destes vídeos podem e devem ser aplicados às varas de pesca. * retirado do blog: Conversa de pesca
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  2. Amigo Armando que riqueza de informações muito obrigado, após ler os relatos assistir os vídeos hoje tenho uma compreensão "muito" maior sobre o tema. Forte abraço e ótimas pescarias.
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  3. Arthur , veja bem .... até entre os rod makers americanos ( basta entrar em algum fórum ) não existe consenso entre utilizar ou não a espinha ... alguns dizem ser importante .... outros ser irrelevante ... existe uma explicação lógica pra se usar ..... mas na "prática" , eu realmente desconsidero ( disse "eu" ) .... cabe a cada um decidir se realmente isso influi .... ou pode ser desconsiderado .... abraço!
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  4. em varas de carretilha , a torção sempre vai existir ( seja em maior ou menor grau ) .... risco de quebra ? sim ... difícil , mas pode acontecer sim ( em tensão acentuada ) ... leia sobre o spiral wrap ( ou torqued ) ... muito difundido pelo grande amigo Pepe Mélega ...
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  5. Excelente Fabiano. Muito obrigado.
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  6. Arthur , como já te disse ( apesar de eu não ser um especialista ) .... varas de fibra de vidro e carbono sólido são fabricados por pultrusão ( semelhante à extrusão ... extrusão = empurra ... pultrusão = puxa ) ... podem ocorrer diferenças no sequenciamento das fibras ( transversais ) e até mesmo no prefil do blank ( ovalado ) ... até pq o que faz a "união" das fibras ( vidro e/ou carbono ) é a resina ... o que dá a "falsa" impressão de ter "espinha" ... no carbono "ôco" , que é por "mandril" , a parte que une as duas "folhas" ( mais espessa e dura ) é que dá a "espinha" ... normalmente os fabricantes constroem a 45 graus ( carbono oco ) pq não sabem o uso a que se destina ( ou da sua preferência ) ... logicamente pq o lado da "espinha" é a que tem mais resistência à compressão ... se vc é um pescador exigente e detalhista ... certamente acredito que o melhor é consultar um rod maker e adquirir um à sua concepção e utilidade ( a que se destina ) ... abraço
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