Muito interessante o tema.
Como levantado, mas não abordado no excelente texto, em caso de levar a espinha em consideração, a simples execução de diferentes técnicas de arremesso seria prejudicial à vara.
Numa vara em que a carretilha ou molinete está montada sobre a espinha ou do lado oposto, arremessos que vergam lateralmente a vara, como side cast, back hand cast e flipping cast seriam prejudiciais ao blank.
Poderia se pensar numa montagem com a espinha na lateral, a 90 graus, para uma vara específica para estes arremessos, em que não se poderia fazer os arremessos “retos”, como o tradicional overhead cast. Além disso, teria que se levar em conta a mão dominante do pescador para a correta definição do lado a se posicionar a espinha - que, inevitavelmente, estaria em posição errada na briga com o Peixe, a menos que o pescador se concentre em flexionar a vara sempre lateralmente e para o lado correto.
Tendo em vista que as minhas poucas varas de pesca já foram utilizadas muito além do que eu supunha ser a vida útil delas, submetendo-as a esforços superiores aos que eu imaginava que suportariam, utilizando todo tipo de arremesso que pude aprender (imagine o quão danoso poderia ser o spiral), chego à conclusão que a espinha não é tão importante assim em varas de pesca.
É famoso no Amazonas o caso das Falcon Cará, varas praticamente inquebráveis sem acidentes, capazes de suportar abusos impensáveis, mas cada uma com a espinha numa posição - o que eu pude conferir pessoalmente um par de vezes nas famosas lojas Sucuri. Mesmo as 5 que adquiri, todas com espinhas em posições aleatórias, 20 graus, 30 graus, 70 graus, simplesmente não dão importância e as varas são inacreditavelmente resistentes.
Mesmo varas tidas como quebradiças, como a Daiwa Steez 16lb 6’, suportam grandes batalhas e abusos, sendo suscetíveis a quebras por impactos (acidentes, batidinhas etc.). Possuo uma que é minha principal vara fora da Amazônia (e já tirou alguns tucunarés acima de 6 kg lá também) há mais de na década, e permanece inteira. Pode quebrar de repente? Sim! Já está muito além do que eu esperava. Não será uma surpresa, algo sem motivo ou explicação.
Concluo que é uma questão de qualidade na fabricação do blank e montagem da vara. A preocupação com a espinha pode ser um assunto interessante e demonstração de competência dos montadores. Mas, na prática do uso, se provou sem importância para mim.
Abraços!