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ALASKA – THE LAST FRONTIER (final de agosto 2015) O veterano colega João Pereira – vulgo “JP” – que tem ido ao Alaska direto faz uns anos vivia me convidando. Ele junta grupo de amigos e fecha uma semana no Lodge do Dave, na ilha de Kodiak, conseguindo assim descolar preço bem melhor pra todos. É a mesma fórmula de barganha de nossas pescarias em Cuba. Uma semana em qualquer lodge de pesca no Alaska, num lugar bem remoto (daí super piscoso) como do Dave, somente acessível por hidroavião ou por longo trajeto em 4x4, tem um custo sempre elevado, ao redor de 4.000 dólares a semana, pela dificuldade de acesso e pela complexidade de toda a logística. E o JP conseguiu nos descolar por quase a metade (U$ 2,400). Além disso, ele sempre procura fechar uma semana na metade final de agosto por ser a época em que existe chance real de se pegar todas as 4 espécies de salmões que dão naquelas águas: sockeye (ou red), considerado o mais saboroso de todos (peso médio 2-5 kg); pink (ou humpy), o menorzinho da turma, porém super abundante (peso médio 1-3 kg); coho (ou silver), que seria o segundo melhor em sabor e o único que salta durante a briga, e que também corre mais (peso médio 3-7 kg); e chum (ou dog), que é o maior das 4 espécies (com peso médio 5-9 kg), oferecendo uma briga cão, literalmente falando, fazendo jus ao apelido. Um outro salmão, o quinto, que ocorre ainda nas águas do Alaska – o majestoso King (ou chinook), é disparado o maior de todos os salmões, pesando em média 7-15 kg (e não raro passando disso - o recorde mundial é um gigante de 44,1 kg pego no rio Kenai, ali no Alaska -, mas infelizmente não frequenta as águas em torno do Lodge do Dave. E mesmo que ocorresse, a sua época de subida maior acontece em maio/julho, tornando impossível coincidir a corrida de todas as 5 espécies numa mesma data. Além dos 4 salmões, 2 tipos de trutas (na verdade char e não truta, a exemplo de brook trout e lake trout, igualmente da família de chars) frequentam o local – dolly varden e arctic char – que são tão parecidos que é difícil a distinção, mas ambos lindos e graciosos, cheio de pintinhas brancas/rosadas espalhadas por todo o corpo, e dão em quantidade. O dolly é em geral pequeno, em torno de 0,5-1 kg, mas podendo passar de 3-4 kg. O arctic char cresce bem mais e no lago Saltery Lake, às margens do qual fica o Lodge do Dave, chega a impressionantes 7-8 kg, embora o comum seja em torno de 1-3 kg. Ambos chars ficam correndo atrás dos salmões pra lhes roubar as ovas que eles depositam, e também a carne deles, após suas inerentes mortes pós-desova. Daí que moscas em formato de bolota ou de tiras, em cores berrantes, como hot-orange (laranja forte), hot-pink (rosa choque) e chartreuse, imitando a ova ou tiras da carne do salmão, serem um sucesso com esses peixes. Além do pacote a preço sedutor, pintou ainda uma mega promoção aérea por míseros 400 dólares até o Alaska, e pronto, não resisti e já estávamos de malas arrumadas!! O Alaska fazia parte do território russo até que, em março de 1867, quando a Rússia enfrentava grave crise financeira, fora vendido pros EUA por 7,2 milhões de dólares (na época). Na ocasião, a opinião pública americana fora de forte crítica a esta compra, alegando que a liderança do país literalmente jogara fora uma montanha de dinheiro público por um pedaço de terra que servia pra nada, mas mais tarde o novo território americano revelou-se uma mina de ouro, literalmente. Ato seguinte, descobriu-se ainda que era riquíssimo também em petróleo e gás. Anchorage é a maior cidade e porta de entrada do Alaska (a capital, porém, é Juneau, que fica colada ao Canadá, no extremo sudeste do território). É uma cidade clean, de ruas largas e casas baixas, com poucos prédios altos, num terreno bastante plano, cercado de verde, e com monte de flores enfeitando os canteiros das ruas e praças, e conta com a conveniência de todas as grandes redes de hotelaria e comércio, típicos de qualquer grande cidade americana. Grandes cadeias como Walmart, Safeway, Best Buy, Apple Store, e pros pescadores, Bass Pro Shops, Cabela’s, Sport’s Authority, Sportsman Warehouse, West Marine, e várias fly shops, fora uma legião de shopping centers fazem a alegria daqueles que não abrem mão de umas comprinhas durante uma viagem. E vale lembrar que em Anchorage não há cobrança do imposto IVA que costuma variar entre 5-10% no restante dos EUA, tornando as compras ainda mais atraentes. Mas se pelo lado das compras Anchorage é um paraíso fiscal, por outro lado, tudo lá, em matéria de serviços (hotéis, restaurantes, aluguel de carro) é mais caro que no restante dos EUA. Um hotel econômico não sai por menos de U$ 130 por noite (casal), e um jantar U$ 30-40, a menos que se apele pra fórmula econômica das praças de alimentação dos shoppings, que tem vários espalhados pela cidade (uma refeição média ali sai por U$ 10-15). Muitos shopping centers e grandes lojas de departamentos em Anchorage, No entorno de Anchorage tem vários passeios interessantes. Um deles é o day-tour que o JP e turma fizeram. Eles saíram da cidade num trem panorâmico até Whittier, cerca de 2h a leste de Anchorage, onde embarcaram em um cruzeiro pelos fiordes, apreciando a vista de enormes glaciares (geleiras) se debruçando sobre as águas verde turquesas do mar, e pelo trajeto, monte de animais como orcas, baleias, leões marinhos, focas, etc. (Fotos por Luiz Danilo e José Júlio Cardoso) E em sentido sul, tem as cidades de Seward, Soldotna, Homer, todas elas capitais de pesca esportiva, seja em mar como em rios e lagos. Já no sentido norte, tem o Denali National Park, onde fica a montanha mais alta dos EUA, o Mt.Mckinley (ou Denali), um desafio pros alpinistas de plantão, e um colírio pros aventureiros fotógrafos, com a visita ao Parque Nacional Denali, repleto de vidas selvagens, como ursos, veados, alces, moose, caribou, etc. E para aqueles que não curtem shoppings e nem os passeios, somente se interessando pela pesca, Anchorage também oferece uma excelente opção, pois dentro da própria cidade passa um riachinho (Ship Creek), que é famoso por ter uma das corridas mais intensas do grande chinook salmon (king) do mundo. E quando os salmões King ali passam (entre maio e julho), forma aquela famosa cena de centenas de pescadores quase que um acotovelando o vizinho, na ânsia de fisgar o poderoso rei dos salmões. Não é exatamente o mais charmoso das pescarias, convenhamos, mas talvez seja a pescaria mais barata (totalmente free) e farta de grandes salmões king que existe no planeta. ILHA DE KODIAK arrow:: De Anchorage até a ilha de Kodiak foram apenas 1h de voo comercial, em direção sul. A capital da ilha de Kodiak (de mesmo nome) é pequena, mas muito movimentada com a pesca no mar, principalmente daqueles famosos caranguejos da série televisiva “Pesca Mortal” (que ocorre ali durante o rigoroso inverno), bem como de linguadões halibut e salmões (que ocorrem durante todos os meses mais quentes do ano, de maio a outubro), ao qual decidimos dedicar um dia inteiro de pescaria, antes de rumarmos pro Lodge do Dave. Esta é uma pescaria de lingüiça e também de jigs, e pela fartura e tamanho dos peixes, é bastante procurada tanto por turistas americanos de outros estados como também por estrangeiros como nós, e os melhores barcos tem sua agenda lotada desde 1 ano antes. Portanto, reservar com bastante antecedência é altamente recomendado. A simpática pousadinha Mrs Potts Bed & Breakfast, em Kodiak, onde nos hospedamos: O barco que contratamos (através do Dave) era grande e muito confortável e nos forneceu tudo completo, do equipamento de pesca e iscas (tanto naturais como jigs), a lanches e bebidas. A nós bastou entrarmos somente com a disposição pra brigar com os peixes. Aliás, as brigas foram incessantes. Fiquei impressionado com a quantidade de peixes! Como tem peixe naquelas águas! Era a isca chegar ao fundo, e já ter algum peixe no anzol. Era triplê, quadruplê, direto. Todo mundo no barco fisgado com peixe, a toda hora! Era intenso o trabalho do capitão Sam e do seu assistente, que socorriam a todos com bicheiro e puçá pra suspender as presas à bordo, medir os peixes (pra ver se estão na medida), soltar, iscar, reposicionar o barco. Pegamos mais de 200 kg de peixe tranquilo, na sua maioria liberado. Somente trouxemos o que consumiríamos no Lodge do Dave e outros que os colegas que ficariam nos EUA levariam pros parentes americanos. O halibut é o maior dos linguados que existem no planeta, e tem peso normal em torno de 5-10 kg, mas chegam a extraordinários 200 kg ou mais (no aeroporto de Anchorage tem a réplica em fibra do recorde capturado em junho de 1996, com suas 459 lbs de peso!!). Mas peças gigantes assim são raríssimas e disputadíssimas em ricos torneios anuais. E esses grandões costumam frequentar lugares mais remotos e fundos, 2 h ou mais de navegação e >100 m de profundidade, e claro, a pesca dos grandes, como em qualquer pescaria, é uma pescaria de muito menos ação. É pra quem quer o recorde e tem paciência pra tal. O nosso capitão Sam deve ter percebido que o nosso grupo era só de novatos, ávidos por pegar qualquer coisa, e optou por nos levar a um pesqueiro raso (30-40 m) e bem perto, repleto de peixes juvenis (5-10 kg). Melhor assim. Foi ação sem parar o dia inteiro! E pra comermos, esses menorzinhos são melhores também. Os que levamos pro Lodge do Dave estavam simplesmente divinos! Afinal, halibut não deixa de ser linguado. Sabor 10! Nessa pescaria de halibut, trabalhando jigs metálicos à meia coluna da água, era batata entrarem os salmões silver (coho). Era balançar o jig, e a carretilha sair cantando. Os silvers lutam parecidos com as nossas anchovas, com boas corridas de cantar a fricção e belos saltos quando chegavam próximo da superfície. A média dos silvers ficava entre 3-7 kg. E na hora mesmo já fazíamos o sashimi deles, a bordo, e que delícia! E nem precisou pôr o peixe no gelo pra firmar a carne porque a própria água do mar já era gelo puro e a carne do peixe já vinha super firme. E a cor da carne era do outro mundo! A textura era muito mais dura que os salmões de cativeiro a que estamos acostumados a consumir por aqui, e realmente, depois daqueles, não tem como encarar os salmões Sadia-mole-desmancha-na-boca que temos por aqui kkkk. As ovas, então, merecem outro capítulo à parte. Simplesmente deliciosos! Os halibuits eram pegos com isca natural de tolete de arenque, que tal qual sua prima sardinha, tem cheiro bem forte, atraindo as presas. Mas com os mesmos jigs metálicos com que buscávamos os salmões (a meia-fundura), era só baixar o metal até o fundo, que acabava entrando também os linguados. Aliás, os jigs de metal, no final das contas, estavam eram pegando muito melhor que com isca natural. E era um atrás do outro!!! Os linguados, apesar de grandinhos, não eram tanto brigadores. Fora uma ou outra corrida, de tomar fricção alguns metros, de resto era quase que só trabalho braçal suspendê-los do fundão, mas creio que o equipamento também era sobre-dimensionado, pro tamanho dos filhotes que estávamos a pegar (que como disse antes, tinha entre 5-10 kg somente, enquanto os halibut adultos chegam a mais de 50 kg fácil!!). Vai que entra um realmente grande, tem que se estar munido de algo forte. Daí que o equipamento que estavam ali à nossa disposição serem todos meio brutamontes, e aí, com os filhotinhos do tamanho que estávamos pegando, não ofereciam tanta briga assim. E pelo tamanho de algumas carretilhas que estavam ali, deu pra notar que o bicho pode pegar... O JP, ano passado, pegou um big de 120 lbs (54 kg), e disse que foi uma briga de quase uma hora pra suspender o monstro do fundão de uns 100 m. Não demos essa sorte este ano, mas a quantidade de ações foi um absurdo e todos nós nos divertimos bastante. Pescaria de diversão garantida essa! As regras de pesca estabelecem que cada pescador pode reter até 2 halibuts, sendo um peixe de até 29 polegadas (74 cm), e um outro de qualquer tamanho. Daí que ninguém queria reter um que tivesse menos de 29”. Queriam um de exatos 29” (keeper size). Nada de reter peixinho de “somente” 27”, 28” kkkk. Já o segundo, que podia ser de qualquer tamanho, ninguém queria que fosse de “apenas” 30”, 31”. Queriam um o maior possível kkkk. Estávamos em oito pescadores. Então, primeiro completamos a cota de 8 “filhotes”, com 8 peixes de <29”, e depois passamos a ficar escolhendo os maiores. Os pouquinho maiores que 29” (que eram a maioria), eram todos liberados ainda dentro da água, sem suspender, pra não maltrata-los, e só trazíamos para bordo (para medição) os que fossem realmente maiores. Mas aí, acabou que o tempo foi passando e terminou que não completamos a cota de 8 grandes, porque naquela ânsia de reter somente os realmente bigs, e como no final da pescaria só estavam entrando os <29”, acabou que ficamos com somente 14 retidos, dos 16 a que tínhamos direito. Mas tá bom. Já tínhamos peixe pra xuxu, quase 100 kg só de linguados, e mesmo filetados, deram algo como metade disso em peso. Levamos 30 lb de filé pro lodge, e o restante foi pra Danilo e JC levarem pros parentes deles em Texas. Pode até parecer muito, mas lembrando aqui que estávamos em 8 pescadores, com direito a uma cota de 2 linguados cada um. Creio que não cometemos nenhum pecado capital aqui hehehe. E o que levamos pro lodge estavam simplesmente uma delícia!!! Dez!!! Após enjoarmos de linguadões, passamos pros rockfish, que são meio que assemelhados com os nossos badejos, tanto pela cor do corpo como pelos hábitos (gostam de lugares com fundos pedregosos) e pesam em média 2-3 kg, e diz o capitão, que é o mais saboroso de todos os peixes daquelas águas. Sua pesca é feita com os mesmos jigs metálicos usados pra salmão e halibut e era tb um atrás do outro. Vários tipos de rockfish apareceram. Até um todo alaranjado, que chamam de tiger rockfish. Os rockfish eram tantos que mordiam o jig até mesmo parado, ou até durante a caída. Ao final da pescaria, o próprio container com todo o pescado que se encontrava no centro da popa do barco, é içado por um guindaste e os peixes todos despejados em uma esteira, que os conduz para dentro da fábrica de processamento, onde é tudo limpo, filetado, empacotado a vácuo, devidamente etiquetado e congelado. Só anotar quais peixes e quantidades queremos em nome de qual pescador, que ali ficam armazenados no freezer deles, até o dia do nosso regresso. E tudo limpíssimo, super organizado. Primeiro mundo é outra coisa!!! DE KODIAK AO SALTERY LAKE LODGE arrow:: Para o Lodge do Dave tínhamos a opção de irmos de hidroavião pilotado pelo próprio Dave, mas acabamos indo de 4x4 por terra, porque o dia amanheceu muito ventoso. Foram quase 3h chacoalhando por estradinhas que mais pareciam riachos que acabaram de secar, pois só tinha pedras. Mas os valentes veículos tracionados (um jipinho gaiola da Yamaha e um jipão Toyota Sequoia) encararam mole a travessia, e com muito conforto. A gaiolinha Yamaha, então, surpreendeu a todos nós pela sua extrema valentia e conforto. Aliás, MEGA conforto, diga-se de passagem! O carrinho era macio toda vida e apesar da estradinha muito precária, ele nem balançava e tampouco quicava. Parecia que estávamos andando sobre um asfalto liso. É um típico veículo off-road, usado tanto pelos pescadores como caçadores. E no teto iam vários tubos de alumínio onde eram enfiadas as varas de fly já montadas, com carretilha, mosca e tudo. Muito prático o sistema. Era chegarmos nos pesqueiros, abrir a tampinha, tirar a vara já pronta, e sair arremessando direto. Show! O Saltery Lake Lodge é, apesar da distância da civilização (alcançável somente por 20 min de voo em hidroavião ou 3 h de 4x4), muito confortável, com excelentes cabanas, muito amplas e com camas enormes e hiper confortáveis, banho quentíssimo, luz 24 h, e fica situado às margens do lago do mesmo nome. E no entorno do lodge tem vários riozinhos que desembocam no mar, onde buscávamos os nossos salmões, diariamente. E do próprio píer em frente ao lodge, era mole pegar monte de “trutas” dolly varden e arctic char, bem como salmões sockeye. No final da tarde, com vento mais ameno, o Dave pode vir trazendo o seu hidroavião, com os mantimentos da semana. Avionetas como o dele, no Alaska, é que nem um fusquinha, pau pra toda obra, e praticamente a única forma de locomoção viável, porque quase não existem estradas por lá. Dizem até que tem mais avionetas per capita do que carros no Alaska. E todo mundo sabe pilotar um Logo na tarde em que chegamos ao lodge, surpresa na recepção. Na praia na margem oposta do lago, um urso enorme veio nos receber, e ficou ali brincando por mais de hora. Ora ele entrava na água, e catava um salmão, e o arrastava até a praia e ficava brincando de comê-lo, ora ficava rolando no chão feito um cachorrinho, depois ficava uivando contra gaivota que queria filar um pedaço do seu peixe, enfim, bem de longe assim, na segurança da distância, e olhando apenas pelo binóculo e luneta, parecia até um ursinho Poo, de tão gracinha. Mas o bicho era enorme, quase 3 m. Aliás, na ilha de Kodiak, devido ao isolamento, a raça de urso que tem ali acabou se tornando a que mais cresce no mundo, atingindo 4 m de altura (vimos um no museu de Anchorage, simplesmente gigante!). A unha de um bichão desses era que nem aquelas unhas-navalha do personagem do filme X-Men! E nem pensar em sair correndo pra fugir de um deles, pois eles correm a incrível velocidade de 40 milhas (64 km)! E eu pensando que os ursos seriam bichos lerdos, com aquele gingar pesado e pernas curtas. Que nada, os bichos são ágeis e super rápidos! E a história de usar o spray de pimenta? Os guias riram de mim. Só dá pra usar o spray quando estivermos a menos de 6 m do bichinho. E aí, ou você já capotou de susto ou já foi pego kkkk. O que melhor funciona, dizem, é andar fazendo barulho, seja carregando um sino enorme pendurado na roupa, bem barulhento (comprei um no Walmart kkkkk), ou cantando alto. Mas raramente eles aparecem pra nós, porque eles tem mais medo de nós que nós deles. Dizem. Na dúvida, e por segurança, os guias sempre andavam mega armados, com fuzil enorme, e pistolas na cintura. Rambo fishing! O píer em frente era um excelente ponto pra se brincar com dolly varden, arctic char e sockeye salmon, a qualquer hora do dia ou da noite (que era claro até bem tarde). Durante o dia, com sol e sem vento, o calor era grande pro padrão Alaska (>20 graus!). JP pescou até sem camisa! Nos riachinhos tinham tanto salmão (a quase maioria da espécie pink, cuja corrida estava no pico do auge), que quando os jipes cruzavam seu leito, tenho impressão que atropelávamos pelo menos uns 50 deles, de tanto que estavam ali aglomerados, todos com lombo de fora. Falar que era mais peixe que água no rio é exagero não! De ver cenas assim, perdia-se até a tesão de pescar. Dava pra pegar quantos salmões se quisesse, até agarrando com unhas. Se ao arremessar a mosca, o salmão não mordesse, também não podia mover muito rápido a mosca, senão acabava enganchando no lombo ou barriga de um, tamanha a quantidade que tinha kkkk! Na última manhã, após pegar uns 30 seguidos (estou contando aqui só os quais fisguei pela boca, legitimamente!), pensei comigo mesmo. Será que esses bichos não pegam num popper? E não é que pegam mesmo kkkk? Peguei vários com popper. A puxada que deu mais certo foi popar mais curtinho, em sequência, sem tanto ruído. Aí os bichos vinham atrás levantando marola e sugavam, sem fazer muito estrondo. Salmão no popper! Por essa não esperava kkkkkk! Peguei uns 6-7 pinks nessa experiência com poppers! Dada a fartura absurda dos pinks nos rios, o desafio então, era tentar fugir deles e achar a boca de algum outro salmão ou trutas. Os saborosos sockeye (red), infelizmente já tinham terminado sua subida pelo rio, e se encontravam todos já no lago. Só lá que pegamos deles, mas aí, já estavam com o corpo e boca deformados (o corpo vai ficando mais alto no meio e a mandíbula dos machos curvando feito gavião) e com coloração bem avermelhada, denunciando final do seu período de desova e de vida e, portanto, não mais próprios para o consumo. Do píer da pousada, enquanto se tentava os Chars, sempre acabava entrando um ou outro sockeye, e valentes e grandes que são (em média 3-5 kg), era uma briga da boa até conseguir doma-los com as varinhas #5 e tippet e anzol menor que estava a usar pros chars. A minha carretilha Hardy de click berrava horrores quando engatava um trem desses, uma delícia de briga! Já nos rios, o desafio era achar algum outro salmão maior e mais briguento como o silver (coho) e o chum (dog), que estavam ainda no comecinho da temporada de subida (os silvers tem corrida maior em setembro/outubro). Só que os pinks não deixavam. Eu não consegui engatar sequer um silver no rio (só aqueles que peguei de jig no mar), e quase nenhum dos colegas idem, com exceção do professor Luiz Danilo, que achava eles em tudo que era lugar que jogava sua mosquinha. Até acabamos apelidando-o de “Silverman” kkk. O hômi era danado. Aonde ia, achava algum silver perdido. E isso pescando todo o nosso grupo de 10 pescadores sempre próximos (evitar dispersar muito, por causa dos ursos) e com iscas semelhantes, e somente ele que engatava os silvers. Mistério kkkkk! Já os dogs, que são os maiores salmões que ocorrem naquelas bandas, com peso médio entre 5-9 kg, todos nós conseguimos pegar alguns. E eu ainda dei a sorte grande de pegar um bitelão que o guia disse ser o maior que já vira até então, que ele estimou em 30 lbs (cerca de 13,5 kg), mas creio que uns 10 kg e pouquinho seja um chute mais realista. Seja como for, era bocado grande e brigou montão na vara #9. Foi bem na boca de um rio, junto à sua saída pro mar. Mas os dogs, apesar de maiores que os silvers, achei que os prateados são mais briguentos, relativamente falando. Um grandão, de uns 7 kg, que o nosso Silverman pegou, foi fisgado dentro do rio, e ele partira pra fora, mar adentro, e só se entregou muito tempo depois. Se bem que o Danilo estava com tippet de apenas 12 lb, e não podia forçar muito. Seja como for, engatar um dog ou um silverzão, era o supra sumo da nossa pescaria. Pena que eram só alguns deles, contra centenas de pinks, que viraram até motivo de repúdio, porque não deixavam que os dogs ou silvers pegassem a nossa isca kkkk. Pescador é fogo. Quando tem pouco, reclama. E também reclama quando tem muito e facinho kkkkk. As regras locais ditavam que cada pescador poderia reter até 2 silvers por dia, mas “desde que fisgados pela boca”. Pegou pelo lombo, rabo, barriga ou pelo queixo, tinha que liberar. E não tinha essa de jeitinho brasileiro de passar a cota pra alguém. O Danilo que pegava só silver, não podia pôr o terceiro silver dele na cota do Marquinho, p.ex, que estava sem nenhum silver retido. O JP era quem, depois do Danilo, quem mais engatou os silvers, mas pra azar dele, quase todos dele vinham fisgados pelo corpo, e não pela boca. Daí não podia trazer pra delicioso sashimi da janta. Os guias de lá eram os cães de guarda da fiscalização, e não deixavam de jeito maneiro que os brazucas corrompessem eles com o famoso jeitinho chorão brazuca kkkk. Isso aqui que pegou pelo queixo, isso já é boca né, dizia o JP pro guia. E ele retrucava “NOOOOOO, IT IS NOT MOUTH“!!! Talvez por isso que lá ainda tem tanto peixe!!! A fiscalização é feita pelos próprios entes que levam os clientes pescadores. Não precisam de fiscais do governo atuando num lugar tão remoto como aquele. Aliás, impossível ter contingente de fiscais pra cobrir todas aquelas águas. Nada mais racional então que os próprios guias sejam a “autoridade” local, impondo e fiscalizando o cumprimento das leis. Vivendo e aprendendo.... Idem aconteceu com a nossa licença de pesca, que era verificada sempre, pra ver se estava na validade, pelos próprios guias. Como alguns de nós tínhamos pescado no mar (aquela pescaria de halibuts), 2 dias antes de irmos pro lodge, passando a ter um total de 8 dias corridos de pesca, enquanto a licença que pagamos fora de apenas 1 semana (7 dias corridos). Daí que no último dia no lodge, tivemos que pagar uma licença adicional de um dia. Morremos em mais 20 dolares além dos U$ 55 já pagos pela licença semanal. Luiz Danilo com um baita de silver, e com tippet de apenas 12lbs, brigou pra valer. Fisgou dentro do rio, mas levou a briga mar adentro!! O silver é o mais valente de todos, em termos de peso/potência relativo. E é ótimo no prato também!! Pescamos também muito na região da desembocadura do rio no mar, porque ali era o lugar certo de passagem dos salmões. Quando a maré ia enchendo, era salmão entrando sem parar no rio. E por fora da boca do rio, ficavam um monte de focas esperando pelas presas, que chegavam em massa pra adentrarem o rio. E nós também ali, de ambas as margens, esperando pelos peixes. E por cima, eram gaviões e gaivotas. E ao longo do rio, os ursos. E nem bem morrem ou desovam, e lá vem as trutas e chars se apossando de suas ovas e carnes. Tem vida fácil esses salmões não kkkkkk. Na penúltima tarde, fomos fazer barbecue na praia, aproveitando que a noite lá é clara até 22:30 h, nessa época. Mas fominhas que somos, nem bem chegamos ao local e o povo foi logo arremessando suas isquinhas kkkk. E a dona Sonia foi quem inaugurou o placar, com três lindos silvers, que brigaram o diabo até se entregarem. Em seguida JP tb com sua vara de fly toda vergada, o Marquinho, o pai Sr.Salvador, o irmão Gustavo, o Luiz Danilo Silverman com sua longa vara de spey skagit idem, todos fisgados com montanha de silvers!! Só eu fiquei a correr feito louco pra lá e pra cá, pra filmar e fotografar a todos, e qdo me dei conta, o cardume todo já tinha ido e fiquei a chupar dedo. Mas insisti noite adentro (noite ? mas tem sol kkkk!) até conseguir pegar algo. Foi um filhotinho de menos de quilo, snif snif. Vida de cameraman é sofrida kkkkkkk. Na última tarde, fui atrás do último peixe que ainda me faltava, o arctic char. O guia Mike disse que inventara uma mosca imitando uma sequência de ovas ou tiras de carne do salmão, meio que por brincadeira, mas que dera muito certo com os chars grandes, que por ali no Saltery Lake alcançam enormes 7-8 kg. Passei a tarde tentando atar uma cópia da mosca que ele me emprestara, e depois de mais de uma hora consegui! E não é que deu certo? Peguei 2 bonitos arctic chars, todos coloridos! Não eram grandes, mas fiquei super contente por ter conseguido mais essa conquista, e assim, ter completado a captura de todas as espécies que almejava. Todos as 4 tipos de salmão e os 2 de char, fora halibut e os rockfish. Super Slam Alaskano completo, missão cumprida kkkkk! A semana passou muito rápido e em meio a 10 colegas todos muitíssimo gente finas, e com toda a quantidade de peixe e camaradagem, ótimo papo, e boa comida (o ceviche de linguado halibut com salmão silver preparado na última noite pelo JP estava simplesmente divino de bom!), bem como também o churrasco que os nossos mestres cucas, a dupla JP e Marquinho prepararam na última noite (servida nos jardins do lodge, pois como sabem, noite lá é clara), a viagem não tem como ter sido melhor! A pescaria em si, até diria que perdeu parte da graça de tão fácil e farta que foi, meio que à semelhança de Cuba, outro lugar onde também há fartura em demasia, tirando um pouco do brilho e da tesão de um bom desafio, mas como uma pescaria não é medida somente pelos peixes e desafios, e sim também por tudo que envolve ela, dou nota dez a esta viagem. Não é à toa que o JP e turma repetem a mesma pescaria todos os anos, já fazem 5 anos. Valeu Johnny e toda a turma, por acolherem a mim e a Mari nesta viagem anual de vocês! Foi excelente, em todos os sentidos! E sem a ajuda e organização do JP, jamais teria tido condições de ir numa viagem dessas, a um tão remoto (e normalmente caro paca) lodge de pesca nos confins do Alaska! E aqui vai mais um agradecimento especial ao casal JP e Sonia, que devido à falta de lugar no barco, cederam seus lugares para que eu e a Mari pudéssemos conhecer a pescaria de halibut. Valeu mesmo, Johnny e Sonia! Vocês são dez! Uma curiosidade no Alaska é que as cias aéreas dão incentivos para que os pescadores visitem o lugar, e para tal, existe uma isenção para se despachar uma caixa adicional de até 50 lbs contendo pescados, e essas caixas tem prioridade no embarque sobre o restante das bagagens despachadas. O nosso avião de volta de Kodiak era pequeno, com apenas 38 lugares, e estávamos em exatos 38 passageiros, sendo que muitos estavam trazendo seus pescados em caixas enormes. Fiquei encucado. Como que iriam caber tantas malas e caixas de peixe num aviãozinho apertado daqueles? Aí o JP explicou sobre esse incentivo e prioridade das caixas de peixe, que perecem, e merecem primazia no embarque, e que muitas vezes as nossas malas só chegam depois, quando houver algum outro voo com mais espaço pra bagagem. Dito e feito. Tanto as malas do JP, Sonia, Julio como as minhas não vieram no mesmo voo. Só chegaram no dia seguinte. Mas chegaram, ufa kkkk. arrow:: Equipamentos utilizados na pescaria de salmões e trutas char no Saltery Lake Lodge (rios, praias e lago): Fly: um conjunto em torno de #5 pras trutas e um outro em torno de #8 (pode ser #7-9) pra salmões, com linha floating pra rios e praias e sinking ou sink-tip pra lago, tippet entre 10-12 lbs pras trutas e 16-30 lb pra salmões (lá os bichos não tem frescura, então pode-se usar líder grosso que não se espantam, e protege melhor quando entram bitelões como silvers e dogs). Moscas podem ser imitações de ovas de salmão em cores fortes e berrantes como laranja, pink, chartreuse, e streamers/egg suck leaches com cauda de marabou ou pelo de coelho (zonker/rabbit), em cores citadas e também roxo e preto. Bom usar moscas bem lastreadas. Melhor mesmo é levar chumbinhos de variados pesos, de amassar ou de passar a linha por dentro (melhor) e colocar na frente da mosca, de acordo com a situação (profundidade ou correnteza). Anzol entre #4 e #1. Qualquer tipo. Quando é imitação de ova,é bom usar anzol curto e avermelhado (Owner ou Gamakatsu são melhores). Já pra streamers pode ser qualquer anzol, desde que fortes (bom amassar farpas pra não machucar os peixes, já que soltaremos praticamente a maioria). Convencional: molinete ou carretilha pequeno na categoria 12-15 lb, vara com comprimento entre 6 e 7 pés, munido de linha multifilamento 15-20 lbs e leader fluoro 20lb, e como iscas spinners, colheres e jigs de marabou em cores como pink, chartreuse, laranja e preto. Detalhe: Proibido o uso de garatéias em rios. Só pode anzol simples. Já no lago pode usar garatéias, mas a boa recomendação é sempre usar anzol simples, e sem farpa, logicamente, pra facilitar a soltura dos peixes sem que os machuque muito. Idem pra moscas. Obs: em qualquer loja por lá no Alaska vendem essas iscas/moscas. Desnecessário levar daqui. Muito melhor comprar lá as iscas que já sabem que dá certo sempre lá. Abração a todos, Kensuke Matsumoto arrow:: Seguem fotos de paisagens e animais feitas com maestria pelo colega Julio Cardoso. Ele ama fotografia e caprichou em várias que tirou, como a da foca pegando e comendo salmão no mar, do urso uivando pra gaivota que veio lhe tentar roubar o almoço, e outras mais, que achei lindas, e pedi permissão dele pra postar junto aqui, pra apreciação dos demais amigos. Alaska é ótimo pra quem ama fotografia. Belas paisagens e seus animais!! Pena que em tamanho reduzido como que tive que pôr aqui, por limitação de postagem, não dê pra apreciar a qualidade das originais.