Kid M Postado Abril 28, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Abril 28, 2016 Transcrição dos registros (anotações) feitos dessa aventura, que foram feitos em papel e entregues aos integrantes do Grupo 4. "Caros companheiros, Na busca de registrar os fatos acontecidos, vou tentar me lembrar daqueles que o tempo não apagou da memória (pelo menos os principais momentos que ficaram). Ainda com saudosas lembranças do ano anterior do "nosso Curuá-Una" e seus lagos e igarapés mágicos, decidimos tentar uma viagem diferente, mesmo que partindo de Santarém, mas com um destino mais distante, atrás de mais fartura e menos civilização ! É claro que as condições mínimas de suporte teriam que ser mantidas, mas o destino final seria outro ! E as "pesquisas" se iniciaram ! Tentamos NOVOS CONTATOS, mas as dificuldade de estar distante foram fundamentais para que encontrássemos a solução de modo semelhante às vezes anteriores, ou seja, com o suporte local do gerente do Banco ! Mais uma vez o rodízio profissional da Organização impedia a repetição da mesma assistência anterior, mas mesmo assim era nossa MELHOR OPÇÃO ! Lembro-me que o gerente principal chamava-se Ricardo, tendo iniciado sua carreira da gerência comigo em Belém, de modo que pelo menos a "boa vontade" haveria de existir ! A coordenação ficou com Marcos Fonseca, que desta feita já havia avisado sua impossibilidade de participar do Grupo ! Era uma ajuda importante, até sob o prisma logístico ! De qualquer modo, tínhamos que superar essas adversidades ! O preparo da viagem começou a ser feito de fato em Julho, pois até então era muita "intenção", mas pouco resultado prático ! O primeiro fato a ser resolvido seria a formação do Grupo, ou seja, definir quem seriam os participantes ! Os APF com certeza estariam presentes - Cecil inclusive estava "seco" ! Também Bill se programara (em termos de férias no Banco). Precisaríamos de seis, mas só tínhamos até então quatro participantes para fechar o programa (em função dos custos). Começamos a formalizar convites, não só junto aqueles que já tinham ido (além de Marcos Fonseca, que já havia se manifestado, Alex se aposentara e estava no exterior e Marco Antônio não conseguira a liberação do Itaú, já que iria substituir alguém nesse período, ou algo que o equivalha), ou mesmo aqueles aqueles que demonstraram algum interesse em "querer ir" (no Banco diversos companheiros foram consultados, mas apenas Luiz Henrique - que havia mostrado desejo, mas optara em viajar para o exterior, e José Damaso - com dificuldades de deixar a área recém assumida, chegaram a gerar uma expectativa). Nesse meio tempo é que uma conversa que pensávamos ser brincadeira, se tornou realidade, já que Osmar, nosso "Doctor", confirmava sua intenção de participar ! Com cinco, já dava para ir tocando e - se necessário - bancar a ausência do sexto participante ! Mas "as buscas" continuaram... Nesse ponto, Agosto já chegara e eu estava profundamente envolvido na negociação do acordo coletivo, participando inclusive da "mesa de negociação" da FEBRABAN ! Mas sempre arranjava um tempo, muitas vezes nos horários dos voos (cansei de de fazer Salvador - São Paulo - Salvador nesse período), mas o fato é que desta feita pude apenas MONITORAR o trabalho de "recrutamento" e "contratação" do barco e tripulação para a viagem ! Marcos Fonseca e o gerente de Santarém é que se encarregaram de todos os detalhes operacionais ! A recomendação que havia feito contudo, era de que fosse procurado - na região - alguém que já tivesse feito isso antes (levado um grupo para pescar naquelas condições). Dessa forma é que chegamos ao "nosso Aguinaldo" ! Intitulando-se "um faz tudo" à bordo, ele assumiu a responsabilidade de levar o Grupo até ORIXIMINÁ, em pleno rio Trombetas, afluente da margem direita do Amazonas ! Segundo informações locais (Santarém), ela tinha alguma experiência nisso, ou pelo menos já havia feito isso antes ! A dificuldade inicial foi com o REGIONAL,ou melhor, com o preço a ser cobrado ! Chegamos a um "meio termo", até porque estendíamos que estaríamos indo - desta feita - com um "guia" (ou algo próximo a isso). O próximo passo foi a definição dos botes e motores (queríamos 3 botes e 3 motores), e o mercado de aluguel estava difícil (nesta época, tudo ficava mais difícil por lá). Mais uma vez o "jeitinho financeiro" funcionou ! Não era exatamente o que queríamos, mas certamente daria para nossas necessidades (estávamos preocupados com a PRECARIEDADE dos motores da região, sempre muito fustigados e desgastados, daí termos uma "reserva" a mão, param uma emergência), vez que dois dos botes acomodavam 3 a 4 pessoas sem maior esforço ! Também as redes de dormir tiveram que ser negociadas, enfim, praticamente todos os itens foram "repassados" (e acrescidos), mas pelo menos ficaram acertados ! Enquanto isso, a negociação sindical se arrastava e os impasse criados eram mais políticos que técnicos ! Mas a data estava marcada e não havia mais como alterá-la ! Tive que fazer um bom trabalho "de bastidor", inicialmente junto à mesa de negociação da FEBRABAN (como Marco Antônio - Itaú - participava da mesma, conseguira um ótimo "aliado" nas conversas com o interlocutor dos sindicados presentes à mesa - Ricardo Berzoini, também chamado de Ricardão pelo seu porte físico). Como existiam diversos outros representantes de outras Instituições financeiras presentes, não foi complicado arranjar um substituto - aceito pelos sindicalistas presentes. Difícil mesmo foi convencer ao Presidente da minha instituição (Angelo Sá) de me liberar naquele período ! Felizmente os argumentos e o estágio em que se encontrava a negociação me foram favoráveis, se bem que a condição do Presidente ser um pescador fominha (de mar), não deixou de contribuir nesse processo ! Afortunadamente já lhe havia comentado sobre o assunto tempos atrás, quando obtive sua anuência "preventiva", mas com a situação da negociação sindical, cheguei a temer que fosse complicar ! Felizmente chegamos a um acordo conciliatório ! Mas foi difícil... Os últimos preparativos estavam em curso e já no início da semana da viagem conseguimos acertar o sexto participante ! Durante todo o período até então, inúmeras tentativas foram feitas a conhecidos distantes (principalmente em SP), mas todas se mostraram infrutíferas ! No final de semana anterior à nossa viagem é que nos lembramos de convidar Angelo Jr (também um "fominha" de pesca). Ele quase foi, mas algo impediu-o de concretizar a intenção (alguma coisa ligada ao trabalho junto a Corretora Aratu, onde era um dos diretores). Deste modo ele nos indicou seu companheiro de pescaria em Salvador, o jovem empresário GERALDO (conhecido por Geraldinho), também um grande "fominha" ! Apesar de só faltarem cinco dias para a partida, a resposta chegou no dia seguinte do convite, CONFIRMANDO sua presença e participação ! As informações - dadas por Angelo Jr - eram de que se tratava de um bom companheiro (e não estavam erradas) ! Ainda tive que ir a São Paulo na semana da viagem, de modo que cheguei para me integrar no Grupo na véspera da partida (literalmente). Felizmente já havia arrumado as tralhas antes de modo que foi só pegar as sacolas e isopor e dar andamento ! As tralhas desta pescaria estavam mais sortidas de "plugs", sem contudo esquecer as "colheres", pois era nossa intenção buscar mais pelos lançamentos do que pelo corrico ! Enfim, não sabíamos o que iríamos encontrar, de modo que o jeito foi levar o que tínhamos (mas tudo dava dentro da maleta de pesca - que já era das "grandes"). Meus dois irmãos haviam feito algum "shopping" desta feita e iriam "inaugurar" equipamentos mais novos, além de iniciarem - também - seus próprios estoques de iscas artificiais ! Apenas o "Doctor" é que estaria viajando sem equipamento próprio ! Havia combinado com o Bill de cedermos a "estrutura básica" de que ele iria precisar nesta viagem (Bill sempre se aproveitava disso para justificar "seus excessos" - que nunca eram pequenos). Quanto ao Geraldinho, ainda era uma incógnita (apenas Bill já tinha estado com ele rapidamente em outras circunstâncias), mas não devia apresentar problemas até por pescar regularmente, daí ser possuidor de "tralha apropriada" ! Os últimos detalhes foram acertados por telefone, e tudo estava pronto para a partida ! O voo para Belém (o "famigerado" RG 300 - que para em todo canto...) saía às 17:30 h, de modo que combinamos nos encontrar no aeroporto - cada qual providenciaria seu próprio transporte - por volta das 16:15 h ! Havia conseguido um contato matinal (repasse) com todos - inclusive Armando, que nos encontraria em Belém - seu voo, com apenas uma escala em Brasília, chegaria antes do nosso - no aeroporto ou no hotel (Vila Rica), e com animação típica daqueles que estão saindo da rotina em direção aos peixes, fechamos os últimos detalhes ainda pendentes (na verdade, REPASSAMOS tudo) ! Terminei indo para o aeroporto com Cecil que, através "Edinho", seu "faz tudo na fábrica", conseguira um transporte adequado - sua PARATI - para levarmos os dois isopores de 80 litros cada, além da bagagem de mão (não tínhamos o "tubo de Bill"). Conseguimos ser os primeiros a chegar (quase 16:30 h) e logo depois chegavam quase que simultaneamente os demais - Doctor na PAMPA do filho Henrique (isopor combinando com a sacola de mão - um "luxo"), Bill na caminhonete dirigida pela esposa Zélia (cheio de tubo e sacolas) e Geraldinho - soubemos quem era ao vermos o tubo, o isopor e UMA MALA ! É preciso um pequeno parêntesis, pois A MALA de Geraldinho era daquelas compradas na viagem de volta do exterior ! Uma "SANSONITE" que dava para esconder um corpo dentro - sem exagero ! E mais, estava cheia ! De que ??? Foi disso que precisávamos para "quebrar o gelo" ! Já no ritmo de viagem, apresentei-me (Bill sempre se esquece do "óbvio"!), assim como os demais integrantes do Grupo, e sem perder tempo, perguntei-lhe se ele estava consciente de que nossa viagem era para o Amazonas, e não para os Estados Unidos em função do tamanho da bagagem ! Isso foi o suficiente para descontrair e enturmá-lo no Grupo ! Daí em diante, A MALA foi o tema de toda e qualquer gozação ! O embarque se deu como esperado, e a aeronave AIRBUS já era minha "velha conhecida"! Como sempre, na ida tudo é festa ! O "sobe-desce" começou e nós conversando sobre nossas expectativas do que iríamos encontrar pela frente ! Foi assim até São Luiz (passando por Recife e Fortaleza), quando tomamos conhecimento de que um dos motores estava apresentando defeito e o voo iria atrasar (na verdade não tinha previsão de saída). Foi um "arraso geral", mas como ainda eram próximo das 22:00 h, havia tempo ! Mas esse tempo começou a passar e nada ! Cadê a peça, o tempo de conserto, e as alternativas começaram a ser estudadas, e cada vez mais ia ficando preocupado, pois não haveria como pegarmos o voo matinal para Santarém (não havia voo cedo pela manhã para Belém). Finalmente a tal peça chegou (veio de Recife) e uma hora depois já estávamos embarcando rumo à Belém ! Chegamos por lá em tono das 02:00 h (encontramos "seu Zé" - meu antigo motorista em Belém - à postos - cortesia do meu amigo Luiz Henrique que me substituíra no cargo), e foi o tempo de desembarcar as bagagens, colocá-las dentro da kombi, e seguir para o Hotel Vila Rica (propositadamente escolhido pela sua proximidade - 5 minutos distante do aeroporto), onde Armando estava à nossa espera (gripado com uma febre de 39°). Foi o tempo de assinar as fichas de entrada, ir para os quartos e desfrutar daqueles últimos instantes de uma cama antes de nos acostumarmos às redes ! Quando nos imaginamos no início do sono - o arcondicionado estava ótimo - já era hora de levantar ! Ainda fomos atrás de um café da manhã (rápido) antes do embarque às 06:30 h. Dessa feita as "articulações políticas" (Marcos Fonseca por trás) haviam sido feitas com antecedência, de modo que pudemos aguardar o embarque na sala VIP do aeroporto (meio sem aparente necessidade, pois o voo estava no horário, mas fundamental para pegar bons assentos na aeronave, vez que inexplicavelmente não se marcavam os lugares no voo - UM ABSURDO !). Com isso não deu para saber como estava nossa bagagem em termos de peso, mas embarcamos tudo que era possível, principalmente A MALA do Geraldinho ! O voo para Santarém é sempre cheio, mas nem por isso menos bonito ! A visão do rio Tapajós na chegada, visto de cima, refletindo em suas águas azuis o brilho do céu é - e será sempre - algo que arrepia quem tem o privilégio de ver ! Para o "Doctor", o "novato", tudo era festa ! Desde ali ele já demonstrava o espírito "mocorongo" essencial para participar do Grupo ! Sempre de ótimo humor, já começava também a arriscar suas primeiras gozações (assim como ser alvo delas também). Com "o ganho" de uma hora do fuso, eram ainda 07:30 h quando desembarcamos naquele solo e já fazia calor ! Retiradas as bagagens e acomodadas numa kombi alugada pelo Ricardo (o gerente da agência estava a nossa espera !) nos permitiu dividir o Grupo e pegar um táxi além do carro do gerente. No caminho até o REGIONAL - estávamos todos ansiosos para vê-lo - as "intermináveis desculpas" prestadas pelo Ricardo, alegando sua inexperiência embora tenha se esforçado para conseguir as solicitações, feitas, etc... Faz parte o agradecimento prévio ! Nossa estratégia desta feita seria a de darmos uma "pescadinha" no rio Tapajós antes de seguirmos para o rio Trombetas, motivo principal para nossa vinda pela manhã ! Imaginamos que iríamos navegar durante a noite (aliás esse fora o acertado com "nosso Aguinaldo" - o guia e responsável pelo REGIONAL), e que parte do dia seria dedicada a "saciar" nossa vontade de pegar logo uns "tucunas" ! É claro que - como de hábito - o REGIONAL não estava "inteiramente" pronto para sairmos ! Desta feita estava faltando um dos motores de popa ! A alegação era que o que havia sido acertado para nosso uso, "quebrara" durante a semana, e pela dificuldade em "garantir" o conserto, a opção escolhida era a de pegar um outro motor (aparentemente coerente o raciocínio, seria ótimo se fosse a "principal verdade" do nosso atraso). Além disso, as redes para dormirmos ainda não haviam chegado (foram lavar e "a moça" ainda não as havia trazido), e os "mantimentos" não havia sido totalmente comprados (passei a entender o porque de "tantas desculpas" quando da nossa chegada !). Que poderíamos fazer ? Aguardar - o que mais ? Mas nem tudo foi ruim, vez que a embarcação possuía um freezer para gelar as cervejas (e peixes) além de todos aqueles itens tradicionais desses barcos REGIONAIS ! O acesso ao nosso andar (2º) era através de um buraco no "deck" (pouco prático), mas serviria a finalidade de nos isolar da tripulação ! Não tinha contudo o chuveiro externo, o que para nós significou uma "perda" em termos de qualidade ! Em compensação, nosso Aguinaldo "faz tudo" demonstrou ser um bom cozinheiro, servindo-nos com frequência uma comidinha que não desapontava ! É claro que a "churrasqueira portátil" (a mesma das viagens anteriores) estava presente - já bem "baleada" e em fase de despedida ! O estoque de cerveja, refrigerante e água mineral estava de acordo com o encomendado, assim como os produtos direcionados à cozinha (haviam contudo sido "ampliados" por solicitação do próprio Aguinaldo). Conseguimos nos acomodar e "negociamos" nossa saída para pescar no rio Tapajós, em troca de um retorno posterior à Santarém, antes portanto da saída definitiva para o rio Trombetas ! Finalmente saímos ! Já eram quase 11:00 h quando nos colocamos na direção recomendada pelo Aguinaldo ! Segundo ele, o único local - por perto - que poderíamos encontrar algum peixinho "desavisado" seria na margem oposta, e quase em frente à Alter do Chão (umas duas horas de marcha). Naquele horário, o que teríamos a perder ? Fomos em frente pois em nome de uma "fominhagem" todo sacrifício seria válido ! Resumindo, colocamos os dois botes na água em torno das 13:30 h ! "Horário propício" para encontrar um tucuna ! Com o calor que estava fazendo, somente um corrico, e foi dessa forma que iniciamos a pescaria ! Um dos botes ia com os 3 APF's e no outro Bill+Doctor+Geraldinho ! Os piloteiros se equivaliam, não havendo maior destaque em qualquer um dos que estariam conosco durante toda a pescaria ! Apesar de sabermos da improbabilidade de alguma captura naquela hora, continuamos a insistir, e lá pelas 15:00 h, Cecil dava a partida embarcando o primeiro tucuna da pescaria ! Afastamo-nos do outro bote, de modo que não deu para ver os acontecimentos, mas apenas saber - posteriormente - que eles conseguiram embarcar 2 tucunas pequenos (Bill) e uma piranha média (Geraldinho). Logo depois de Cecil, também eu conseguia pegar o meu (quase 1 kg), ficando apenas apenas Armando no aguardo de sua oportunidade ! Caprichosamente tivemos mais uma batida, e justamente na isca do Armando (neste momento ele já havia trocado de isca umas 200 vezes...). Mesmo tendo sido o menor dos três, era tucuna de modo que retornamos - 16:00 h - ao REGIONAL, com a "sede inicial" saciada ! A bordo, no meio da alegria dos primeiros embarques, a informação de que "o capitão" - que não era o Aguinaldo - suspeitava de uma peça no motor de arranque, e para ter certeza, somente após "avaliação" em Santarém ! Voltamos a cidade no cair da tarde com um por do sol que é sempre um colírio, e "atracamos" junto a outras embarcações para a "avaliação do problema" ! Nessa hora foi um tal de "entra e sai" no REGIONAL que parecia até uma "junta médica" em torno do paciente ! A pedido do Aguinaldo, não deveríamos interferir, até porque ele havia feito previamente "inúmeras recomendações" para evitar esse tipo de problema, e "eles" que dessem o jeito ! Por outro lado, o tal 3º motor de popa havia aparecido, e dependíamos tão somente da decisão de sairmos na direção acertada ! Por volta das 21:00 h o problema ainda não estava resolvido, mas existia - nitidamente - uma certa má vontade por parte do dito "capitão" em sanar a situação. Pedi providências ao Aguinaldo, pois estávamos "perdendo tempo" e queríamos sair logo ! Foi aí que ele nos disse que o "capitão" estava "roendo a corda", colocando dificuldades para ir, etc... Disse-lhe então que ele providenciasse uma solução, pois o problema passara a ser dele (na verdade eram nosso), nem que para isso ele arranjasse outro barco ! Com essa nova hipótese, o próprio Aguinaldo "foi a luta" a procura de outra embarcação (no íntimo, cada um de nós via "desmoronar" nossas expectativas), e enquanto ele não voltava, nosso Geraldinho resolveu dar uma "verificada" no que estava acontecendo (ele era proprietário de um pequeno barco e gostava de mecânica). Nesse meio tempo chegou Aguinaldo já num outro REGIONAL (menor do que onde estávamos), pronto para iniciar uma "mudança" de embarcações ("um saco", pois o gelo já estava quebrado e guardado, o freezer entupido de bebida, além dos mantimentos na cozinha). Quando estávamos quase autorizando o início da mudança, nos apareceu Geraldinho com as mãos sujas de graxa, mas sorrindo e dizendo que havia consertado o motor do REGIONAL ! Checado com o "capitão", a confirmação de que o REGIONAL estava "viável" era verdadeira e que ele estava "disposto" a iniciar viagem (quase um "rolo", pois o outro REGIONAL já estava "semi-contratado", mas isso passou a ser problema do Aguinaldo). Na verdade, segundo apurado por Geraldinho, existia 30% de defeito e 70% de má vontade por questões financeiras (sanadas por uma promessa de "gratificação" por parte do próprio Geraldinho - era "do ramo", e nem sabíamos). FINALMENTE estávamos a caminho - e nisso já eram 01:30 h da matina ! O importante mesmo é que iríamos para o rio Trombetas ! Navegar contra a correnteza do rio Amazonas é sempre uma tarefa difícil, mas o "capitão" entendia do que fazia e sempre que possível buscava as laterais, próximo às margens, para direcionar o REGIONAL ! Volta e meia tinha uma "troca de margem" (sentíamos isso claramente pela força das águas batendo no casco do REGIONAL) e um balançar mais vigoroso trazia-nos à realidade vivenciada ! Amanheceu e nós continuávamos no mesmo ritmo, mas agora com possibilidade de admirar um pouco as pequenas vilas e vilarejos que surgiam pelo caminho ! Enquanto navegávamos, arrumar a tralha era uma distração naquele cenário de muita água ! O mais importante deles foi inegavelmente o "vilarejo" de Óbidos, onde o rio se estreita muito e se tem a nítida impressão de estar passando numa profunda vala cheia de água (soubemos que ali existem poços com mais de 120 m de profundidade). Algumas encostas (não são comuns na Amazônia). pedras, e o povoado bem ribeirinho, mas com bastante casas - praticamente todas de andares térreo - sempre humildes, mas pintadinhas com cores vivas, e com inúmeras embarcações de todos os tipos e tamanhos margeando seu cais, Um vilarejo bastante bucólico, com crianças (muitas) correndo pela praça / rua principal próxima ao cais ! Muita água já havia passado e ainda navegávamos no rio Solimões (que só vira Amazonas após se juntar ao Tapajós, em frente a cidade de Santarém), em busca da foz do rio Trombetas ! As águas do Solimões são escuras, com muita movimentação de húmus, não sendo portanto - salvo pela imponência - agradáveis de serem vistas ! Tivemos informações (via Agnaldo) de que iríamos pescar em águas ainda mais claras do que as do rio Tapajós ! Se nossa ansiedade já era grande, ficou ainda maior com essas revelações ! Ninguém aguentava mais rearrumar tralha ! Todas, e a de todos, já haviam sido minuciosamente examinadas por todos, principalmente as de Geraldinho, que começava revelar os "segredos" trazidos na sua MALA ! Além de um volume de iscas enorme - mas ainda inferior à quantidade levada por Bill - seu material era mesmo de 1ª qualidade ! Os molinetes e varas (diversos) eram equivalentes aos de Bill, e se dependesse disso, seria um forte candidato a ficar com o título do maior troféu da pescaria ! Existia - na verdade - uma pequena "competição" surda entre os dois (Bill e Geraldinho), mas sadia, sem maiores problemas, pois ambos se tornaram parceiros na maior parte do tempo ! O jeito foi tomar cerveja e "aguardar" ! Deu até para tirar um "cochilo" após o almoço "fabricado" pelo Agnaldo ! Começamos a perceber que nos aproximávamos da foz procurada ! As águas começavam a ficar - ainda que opacas - mais claras, assim como as margens também apresentavam mudanças, aparecendo - cada vez em maior volume - concentração de arvoredos mais densos junto as barrancas ! Ao ser indagado por Geraldinho - nosso interlocutor - o "capitão" anunciava a chegada ao rio Trombetas dentro de até 15 minutos ! Neste momento, mais uma "revelação" da MALA, e eis que me surge uma filmadora completa nas mãos do Geraldinho ! E como se tivéssemos cronometrado, logo após uma curva, deparamo-nos com a foz ! Nada de especial até aquele momento, salvo o fato das águas do rio Trombetas serem bem mais claras, mas ainda bem distantes da transparência e brilho vistos no rio Tapajós ! Como se nossos pensamentos estivesses escritos nas nossas "testas", Aguinaldo complementava a informação de que quanto mais fôssemos rio acima, mais clara a água se tornaria. Como num processo de "boas vindas", começaram aparecer os primeiros botos acompanhando a embarcação. E não eram apenas aqueles de tonalidade cinza (tucuxis - mais comuns), como também diversos "cor de rosa" (anunciados como raridades nas filmagens do mundialmente conhecido Jacques Cousteau), estiveram presentes nadando ao lado do REGIONAL por diversas vezes ! O que não sabíamos até então - e Aguinaldo tirou-nos dessa "escuridão" - é que boto só existe onde tem peixe ! Para que aumentar - ainda mais - a adrenalina existente ?? De estranho mesmo, umas marcações enormes nas margens do rio. Eram - seguramente - marcações para navegação (achamos exageradas - em termos de qualidade - para a região), fato que foi confirmado em seguida pelo "capitão", com o agravante de que eram usados pelas embarcações que desciam o rio com o minério retirado de Oriximiná ! Passei a desconfiar que não estávamos tão distantes da civilização quanto pretendíamos estar, e a certeza disso chegou logo em seguida ao avistarmos parte da cidade. A parte visível - que fica próxima à margem do rio - era muito maior que Óbitos, apresentando casas de dois andares e uma infinidade de antenas parabólicas reluzindo seu prateado contra o céu azul de anilina ! Somente nessa hora é que "descobrimos" que Oriximiná é a cidade satélite do "acampamento da mineradora" onde vivem (no conjunto de ambas) mais de 40 mil pessoas ! Pior ainda, tem aeroporto e para concluir essas "descobertas", POUSA JATO DE CARREIRA REGULAR DA CRUZEIRO ! E nós nessa dificuldade de chegar até lá... Fizemos uma "parada técnica" na cidade ! No fundo, os piloteiros foram "dar um giro" (possivelmente estabelecer encontros para a noite) e "buscar dicas" de onde estava dando peixe ! Pelo cenário que já se descortinava, na nossa opinião, o peixe estaria em todos os cantos ! Na frente da própria cidade, as águas já eram transparentes ! Víamos areia branca e enormes bolsões de água às margens do rio, como se lago fossem (viriam a ser em breve com a baixa das águas). O espetáculo do lugar já nos tinha anestesiado de todo o desconforto da viagem ! Estávamos sim, ansiosos para colocar os botes na água ! Finalmente os "piloteiros" capitaneados pelo "nosso Aguinaldo" retornaram ! Com eles, chegou também "Manuelzinho", pescador de grande renome da região, amigo do "nosso guia", que em troca de uma carona, iria nos mostrar onde estavam os grandes tucunas da região ! Ele subiu armado de uma "zagaia" (um tridente de ferro) que usava para "pescar" (ou seria "caçar") à noite quando arpoava os peixes (principalmente os pirarucus), ou seja, era um "nativo profissional". Mais um para competir à bordo ! Mas no meio de tanto "potencial", haveria de ter peixe para todos ! Diante daquele cenário, IMPUSEMOS aos piloteiros nossa necessidade de colocar os botes na água e dar uma "rodadinha", mesmo que fosse para "molhar as iscas" (terminamos pegando dois exemplares bem pequenos de tucunaré). Com os botes atrelados no REGIONAL fomos em frente, subindo o rio na direção da RESERVA (não sabia que existia uma por lá), onde além de água mais limpa, existia menos presença humana (além dessa "fantasia" nutrida na cabeça de alguns de pescar DENTRO da reserva - LÓGICO que não funcionou e ficamos "barrados" na entrada pela fiscalização). Nesse entardecer passamos por inúmeras lagoas, algumas das quais foram testadas - de forma infrutífera - mas sempre seguindo na direção da "nascente" ! Nesse fim de dia nosso "ranking" era devedor (e muito !), mas não estávamos decepcionados com isso, pois tínhamos certeza de seria IMPOSSÍVEL não encontrarmos os peixes nos locais por onde havíamos passado, ainda mais "com Manuelzinho à bordo" ! O jantar foi rápido, e o que mais demorou foi a conversa com o tal guia, que confirmou nossas expectativas de peixes grandes na região (chegou a mencionar tucunas de mais de 10 quilos). Ele próprio ia dar uma "saída" à noite e nos passaria os melhores pontos para visitarmos durante o dia, vez que à noite os hábitos do tucunaré são de ficarem imóveis - "dormindo" - junto as margens, motivo para serem "marcados" (quando não "arpoados") para o dia seguinte ! Fomos para o repouso noturno com o REGIONAL encostado numa margem do rio, num entroncamento de outros dois outros braços. Contrariamente à expectativa, pouquíssimos insetos à noite, que diminuíram ainda mais após as luzes do REGIONAL terem sido desligadas. Alguns disseram ter ouvido a chegada dos piloteiros - na madrugada - de Oriximiná, mas disso não lembro por ter apagado até o amanhecer ! Acordado pelo barulho dos pássaros voando por cima de nossas cabeças, ainda meio escuro, deu para acompanhar com bastante atenção a evolução do dia que se iniciava ! Uma espécie de névoa ainda estava localizada sobre o espelho da água como se num filme de terror, mas os raios de sol logo se encarregaram de "ir abrindo" brechas em diversos pontos do rio. O REGIONAL ainda semi-adormecido, e já flagrávamos Geraldinho dentro de um bote, mesmo amarrado ao REGIONAL, fazendo lançamentos diversos na direção das "brechas" abertas pelo sol ! Tanto ele fez que acabou tendo uma batida e embarcou um pequeno surubim (na isca artificial de fundo). Isso foi o suficiente para uma verdadeira "correria" a bordo do REGIONAL, e logo outras iscas eram lançadas do próprio "deck" onde nos encontrávamos ! É claro que nada mais foi pego (piranha não conta como peixe - e dessas chegaram a entrar umas duas), até porque não era para pegar mesmo ! De qualquer modo, já era uma bela animada de ânimo matinal ! O café da manhã foi engolido e os três botes já estavam seguindo na direção apontada por Manuelzinho (chegara tarde e ficou dormindo - não soubemos o resultado de suas "andanças noturnas" !), apesar dos protestos dos piloteiros quanto ao horário (pensávamos ser uma desculpa pelo possível - e provável - cansaço da noite anterior) de irmos atrás dos peixes ! Às 08:00 h já estávamos com as iscas dentro d'água ! Lembro-me que chegamos num local onde a descrição de "qualquer sonho" seria pequena diante da potencialidade de estrutura encontrada, com árvores caídas, parcialmente submersas, tocos e profundidade média em torno de 3 metros ! Águas limpas, transparentes, sem qualquer vento - um verdadeiro espelho ! Tratava-se de um lago ainda com ligação - bem pequena - com o braço do rio em que estávamos ! Mas muito grande, daqueles espaços que daria para rodar durante toda a manhã sem sequer retornarmos ao ponto de partida ! Que lugar fantástico era aquele ! Contudo a primeira batida somente aconteceu próximo às 10:00 h ! Já havíamos tentado inúmeras iscas, de superfície, de meia água, colheres, plugs, na maior parte do tempo corricando e o danado do peixe sem entrar ! O que estaria acontecendo ? A primeira ferrada (nem me lembro mais de quem foi só que foi embarcado no ato) era um belo exemplar (mais de 2 1/2 quilos). Foi pego numa Rapala tradicional (cinza com preto) e deu um belo espetáculo para ser embarcado ! Os dois outros botes que se mantinham próximos para juntos fazer uma verdadeira "dragagem" nos locais por onde passávamos, tomaram diferentes rumos, e a partir de então fomos "brindados" por algumas belas batidas (não muito frequentes), e sempre de peixes acima de dois quilos (pelo menos os embarcados). Sob a suspeita de que os "tucunas" não estariam - naquela hora - no lago e sim no rio, mudamos nossa estratégia e fomos para o rio, ou melhor, braço de rio, e por existirem diversos caminhos diferentes a serem seguidos, estabelecemos um horário para encontro no REGIONAL ! Fiquei com o Doctor, sendo nosso piloteiro o próprio Aguinaldo ! Começamos no corrico - até por ser mais fácil para o Doctor - nas principais entradas existentes nos braços do rio em que estávamos ! Essas entradas eram pequenas, mas davam para se ir até o final delas puxando um corrico, fazendo a volta e retornando em poucos minutos ! Essas entradas eram relativamente estreitas, ao ponto de que o corrico ao passar fazia com que um de nós tivesse sua respectiva isca bem próxima de uma das margens e o outro na margem oposta ! Nesses locais tivemos boas ações, com batidas vigorosas, assim como perda de inúmeras iscas (ainda mais pescando do o molinete travado, não tinha remédio). Os "plugs" de meia água e de fundo estavam propiciando a festa ! Doctor não só "desencantara", como já embarcara uns dois peixes com mais de 3 quilos ! Estávamos "entrando" naquilo que havíamos "sonhado", ainda que de corrico (deveríamos ter tentado lançamentos, mas a velha máxima de "se está dando certo, por que mudar ?" prevaleceu), e as batidas se sucedendo ! Nesse local é que as principais capturas acabaram acontecendo ! Lembro-me bem de que se tratava de um local onde o capim avançava sobre a água e as iscas ao passarem sob a sombra projetada eram violentamente atacadas. Numa dessas batidas, a impressão que tivemos era a existência de algum "toco" pela violência com que a linha se partiu ! Se era assim, por que não experimentar uma "Rapala Magnum" que tinha na caixa ? Parecia estar adivinhando pois ao passarmos pelo mesmo local, só que desta feita com mais cautela e atenção, a batida foi firme ! A diferença é que desta feita teve "troco" ! Não me lembro se cheguei a ter linha tirada do molinete (acho que não, pois os freios eram sempre fechados), mas a dificuldade em enrolar a linha era bem grande ! De repente o bruto veio a tona ! Era - seguramente - o maior tucuna que já tinha visto ! Devia ter uns seis quilos ! E a parte pior, só estava preso por um anzol da garateia, ou seja, prestes a escapar ! Para evitar o pior, peguei meu puçá espanhol (que era portátil, dobrável com uma redinha verde) e num pulo passei-o para Aguinaldo, nesta altura já metendo a mão na linha, e tomando as providências para embarcar o peixe ! Surpreendentemente o tucuna estava quieto junto a borda do bote (felizmente), o que deu tempo de "arrumar" o "tal puçá" para uso do Agnaldo ! Me pareceu pequeno, mas poderia ser impressão minha, afinal o material era próprio para aquilo, daí usá-lo ! Quando a rede passou na cabeça do tucuna e o Aguinaldo suspendeu o peixe fora d'água para embarcá-lo, deu para perceber - nitidamente - que dentro da "redinha" só estava a cabeça do peixe, com o corpo todo pressionando a resistência do puçá ! Em questão de segundos (até hoje revejo a cena em "slow motion"), vimos a tal redinha (espanhola) lascar e o peixe escorregar para dentro do rio com toda sua majestade junto ! A isca, que já havia soltado, ficou boiando e os três (no bote) ficaram com uma "cara de babaca". Depois de alguns poucos palavrões (inevitáveis naquela hora) chegamos a conclusão de que só nos restava ir atrás de outro ! Meia volta no bote, e voltamos ao mesmo ponto ! Desta feita a batida veio para o Doctor ! Assim como a que tivera, a dele não deve ter sido diferente ! A "diferença" entretanto foi só de comportamento, pois este tucuna pulava fora d'água seguidamente (foram uns quatro ou cinco saltos, alguns com todo o corpanzil fora d'água). Pelo menos deu para perceber que as garateias estavam bem presas (ambas) e com isso o temor de perdê-lo passou a ser menor ! Mas para quem já havia perdido um daquele tamanho antes, não iria querer perder o segundo ! As recomendações passadas ao Aguinaldo para que não pusesse a mão na linha foram insistentemente repetidas, e finalmente quando conseguimos trazer o peixe para perto do bote, numa posição onde pudesse ser embarcado (sem o puçá - até porque estava lascado) de mão (pelas guelras) pelo Aguinaldo. Ele "não aguentou mais" e se abraçou com o peixe puxando-o à bordo pela cabeça ! Foi uma emoção diferente, não só para o Doctor, mas também para mim, já que aquele exemplar era um verdadeiro "monstro" e estava embarcado ! Pesou seis quilos e se constituiu no troféu da pescaria ! Pegamos outros grandes, alguns até de cinco quilos, mas nada como aqueles que estavam numa "beiradinha" de capim ! Já era próximo de meio dia de modo que voltamos ao REGIONAL ! Na chegada soubemos que todos haviam encontrado peixes, não na fartura almejada, mas com boas capturas, e com uma unanimidade, eram peixes maiores que os que tínhamos costume de pegar ! O almoço foi comido às pressas, pois já queríamos voltar (desta feita TODOS os seis) ao "capinzinho" onde o troféu fora pego ! O sol estava no seu auge e à contragosto tivemos que esperar pelas 15:00 h (acabou sendo 14:30 h). Aproveitamos para trocar idéias com o tal "Manuelzinho" (o afamado "guia") a respeito de não estarmos encontrando os peixes nas lagoas, e as explicações dadas não convenceram a nenhum de nós (em termos de lógica). Tememos que parte do problema foi estarmos usando iscas de profundidade inadequada, pois insistíamos nas de superfície e meia água corricando. Poderia ser que os peixes - por algum motivo desconhecido - estivessem comendo no fundo naquela época (sei lá !). Ele (Manuelzinho) nos disse que a pescaria dele na noite da véspera também não tinha sido boa ! Não vira nenhum pirarucu, e o pior, os tucunas encontrados além de poucos, eram pequenos (ele arpoou uns oito, todos abaixo de 1 1/2 quilos). Parecia que ainda precisaríamos "descobrir" as iscas ! Mas a impaciência foi maior, e partimos na direção dos "bichos" (os MEGAS, na boca do Armando) ! Pescaria tem disso, pois naquele mesmo local não conseguimos ter mais qualquer batida ! E desta feita investimos tempo e material, pois tentamos inúmeras opções (inclusive lançamentos - com iscas de fundo). Bill (com Geraldinho) chegaram a encostar o bote na margem para percorrê-la a pé na sua totalidade, fazendo arremessos variados (acabou que pegaram um com menos de um quilo). Refizemos as duplas e passei a pescar com Cecil, ficando o Doctor com o Armando. Saímos juntos mas logo nos separamos pois havíamos decidido bater em locais diferentes ! Nossa opção nos levou a entrada de outro lago, desta feita com uma densidade de árvores caídas muito maior, e com a navegabilidade muito mais arriscada (já não estava mais com o Aguinaldo). Já eram quase 16:30 h quando "adentramos" o tal lago ! Foi preciso algum conhecimento para encontrar a entrada (e isso nossos piloteiros possuíam, com certeza), pois existia um grande emaranhado de tocos e árvores submersas no caminho, que nos obrigava constantemente buscar passagens estreitas por entre os troncos (alguns deles muito grandes). Como a "fominhagem" era uma marca registrada do Grupo, as iscas estavam quase sempre dentro d'água ! Num desses locais tive a impressão de uma batida, mas pela violência, deveria ter sido um toco submerso, e fomos em frente (não sem antes marcar o lugar), até porque teríamos que retornar por ali mesmo na direção do REGIONAL. Chegamos a um local absolutamente deslumbrante ! Escolhemos o lado sem vento (próximo à margem protegida) para procurar pelos tucunas ! Nesses locais em que passávamos, eventualmente tínhamos uma batida, mas tivemos a convicção de que o problema éramos nós ! Deveríamos estar usando alguma coisa inadequada, já que era IMPOSSÍVEL deixar de ter peixe num lugar como aquele ! Tivemos que nos contentar com umas duas piranhas pretas (elas eram imensas - com mais de dois quilos cada) e uns três ou quatro tucunas com menos de dois quilos ! Mas o visual contudo... (insisto em falar do visual pois para mim é um dos itens mais importantes - talvez igual a pegar peixe - da própria pescaria). Por volta das 17:00 h, talvez um pouquinho mais, resolvemos voltar e por motivos óbvios fizemos o caminho ao contrário. Quando chegamos próximos das redondezas onde pensei ter havido uma batida, fomos alertados pelo piloteiro de que o local era por ali ! Quase que no mesmo momento bateram nas duas varas ! Ambos tucunas (próximos aos dois quilos cada) foram rapidamente embarcados e pelo fato, pedimos para "repassar" o local ! Novamente duas batidas simultâneas ! Fizemos isso por umas 3 vezes, sempre com o mesmo índice de sucesso ! Parecia brincadeira, mas num determinado local - como se fosse uma passagem - entre dois troncos semi submersos, os tucunas estavam insaciáveis ! É claro que os "plugs" (RAPALAS - das grandes) foram sendo perdidos (às vezes pareciam ser verdadeiros "tocos"), e rapidamente mudados, mas a ação durou quase 15 minutos, escasseando depois disso (e já sem sol no céu) comprovando o "famoso horário" do por do sol ! Chegamos a uns 15 exemplares, alguns deles "bem criados" com 3 1//2 quilos, quase sempre "pacas" (todo pintadinho) e bastante violentos na briga após ferrados ! Voltamos certos de ter encontrado um belo "point" para a despedida no dia seguinte ! Na chegada, a constatação de que finalmente encontráramos os peixes ! Alguns mais que outros, mas todos - sem exceção - satisfeitos com a produção da tarde ! Os planos à bordo eram sobre o que faríamos no dia seguinte ! Um parte do Grupo iria "tentar convencer" a fiscalização da RESERVA (estávamos praticamente dentro dela) de que pela nossa procedência quem sabe eles não permitiriam darmos uns poucos lançamentos em "águas proibidas" ? Dentro dessa "crendice", foram escalados para ir a fiscalização o Doctor e Geraldinho, até porque Cecil ficara com Bill e eu com o Armando ! É óbvio que os quatro últimos "correndo atrás de peixe", mas próximo ao local de passagem para a RESERVA (de repente saía a autorização, e não iríamos querer perder a "boquinha" !). Eles acabaram mesmo foi aproveitando o local para um bom banho de rio ! Mas o tempo foi passando e nada deles voltarem, e fomos nos afastando um do outro, rodando as baías próximas onde o REGIONAL estava ! O dia estava com o céu muito azul e sem nuvens, o que consequentemente se traduzia em MUITO CALOR ! A busca pelas "batidas" foi-nos distanciando uns dos outros até que perdêssemos totalmente o contato visual (nessa hora - quase 10:00 h - já supúnhamos da NEGATIVA - óbvia - da fiscalização da RESERVA), e como se combinado fosse, um dos botes quebrou o motor ! Exatamente no que estávamos eu e o Armando (com o tal "Manuelzinho" de guia). Negócio fantástico, pois era nosso último dia de pescaria e estávamos ali, literalmente PARADOS no meio de uma enorme quantidade de pequenas baias, sem qualquer movimentação de figuras humanas para mandar um recado de socorro para o REGIONAL ! O sentimento não era de "receio", pois cedo ou tarde seríamos procurados, mas de RAIVA pelo desperdício do tempo disponível ! Com o "projeto de remo" existente a bordo, "nosso Manuelzinho" fez um esforço de uns dez minutos de remo para colocar o bote numa posição que ficasse NA PASSAGEM (só se fosse de "peixe", mas nem isso era !), encalhando o bote numa praia de areias alvas. Nada a fazer além de procurar um abrigo debaixo de alguns arbustos em função do calor, ou tentar pescar da margem - o que poderíamos encontrar em águas tão cristalinas ? Desnecessário dizer quem foi para debaixo dos arbustos e quem foi atrás dos peixes ! Como previsto, foi uma trabalheira inútil - em termos de peixes - mas ótimo para ver o trabalho das iscas (remanescentes) naquelas águas absolutamente transparentes ! Para não dizer que o trabalho foi totalmente improdutivo, consegui pegar uma traíra (menos de um quilo), mas em compensação num dos enroscos havidos - mais um - consegui quebrar a vara que estava usando (uma telescópica de 3 metros). Não precisava de mais nada para "amainar" o humor daquela manhã ! Finalmente passou alguém "perdido" e se prontificou a levar um recado ao REGIONAL, e com isso fomos resgatados (mas eram quase 13:30 h, quando nosso bote foi rebocado). Encontramos Aguinaldo ainda com "promessas" (com base nas informações do Manuelzinho) de que num "lago próximo" (uma hora de motor do REGIONAL) existia um local "imperdível" ! Para quem passara a manhã parado em companhia do "Manuelzinho", tudo que queria era DISTANCIA do "afamado" (não me lembro de "dica" nenhuma que tenha dado certo - não preciso acrescentar que já não estava acreditando no tal "guia", afinal tudo tem um limite). Encontrei parceiros (Armando e Bill) dispostos a NÃO IR nesse local "imperdível", e em função disso esquematizamos uma alternativa de retornarmos àquele local mágico da véspera, exatamente no mesmo horário, ou seja, no por do sol ! Ficou então acertado que um dos botes iria para o local da véspera, enquanto que o outro seguiria com o REGIONAL ainda mais rio acima, na direção do "tal lugar" ! Só não ficou MUITO CLARO contudo como é que nos encontraríamos posteriormente ! Mas isso não nos preocupou na hora, pois os piloteiros conheciam os lugares onde estaríamos pescando (de ambos os botes) e era o ÚLTIMO DIA ! Antes porém, u,m mergulho para tirar a "nhaca" e refrescar o corpo daquele calor escaldante ! Mas é claro que foi por pouco tempo ! Foi o tempo de comer uns sanduíches, reorganizar a tralha, descansar um pouquinho, e "liberar" o REGIONAL, até porque nessa altura já estávamos controlando a gasolina, embora tivéssemos nos "beneficiado" com a quebra (definitiva) do 3º motor ! Separamo-nos por volta das 15:30 h e nos dirigimos para o mesmo local de antes ! Até às 17:00 h havíamos conseguido embarcar uns seis ou sete tucunas (sempre na faixa dos 2 1/2 quilos) e mesmo assim após muito trocar as iscas ! Com o começo do por do sol, a "mágica" se reiniciou ! As batidas se tornaram constantes ! Estávamos desta feita pescando em três, e as ações se repetiam, com uma predileção especial pela cor verde (apenas para registro), e depois para as tradicionais douradas e cinzas ! As de maior efeito eram as RAPALAS MAGNUM (entendemos posteriormente que pelo peso, trabalhavam mais a meia água), que foram muito exigidas e funcionaram bem até que foram perdidas (todas as que tínhamos). Mas foi uma verdadeira festa ! Estávamos usando linhas relativamente grossas (em torno de 25/30 lb), mas as corridas dos peixes eram tão violentas que por várias vezes sentíamos a fisgada e a linha se partindo pelo esforço da corrida inicial dos tucunas ! Acredito que se os freios estivessem mais soltos poderíamos ter tido menos perdas, mas ainda estávamos iniciando nosso aprendizado então ! Tenho a impressão que alguns exemplares de mais de 5 quilos andaram pegando nossas iscas, mas de fato nenhum do porte daqueles pegos no início da pescaria ! Nem por isso deixamos de ter emoção ! Um tucuna paca de uns quatro quilos é peixe para ninguém botar defeito, e desses embarcamos vários ! Como no dia anterior, a "magia" durou 30 minutos, e depois do sol se por - mesmo com bastante claridade - deixamos de ter ação ! Nem por isso deixamos de ficar cansados, pois foram 30' de ADRENALINA ! Um dos motivos do desejo de retorno do piloteiro era um grupo compacto de nuvens visto no horizonte (aparentemente distante), na direção onde estaria o REGIONAL com o pessoal ! Atendendo aos seus apelos, até por conta do "trauma matinal", resolvemos suspender a pescaria (devíamos ter embarcado mais de 30 peixes no total) e ir atrás do REGIONAL. Haviam duas teses, sendo a que defendia era aquela em que o encontro seria num determinado ponto próximo de onde já estávamos, enquanto que a outra era que deveríamos ir na direção do REGIONAL - não fazia sentido IR para VOLTAR, pois estávamos na passagem ! Não houve muita discordância, pois o REGIONAL já deveria estar vindo na nossa direção e certamente nos encontraríamos no "meio do caminho" ! Dessa forma fomos na direção indicada que era, coincidentemente, a das nuvens, que insisto estavam "próximas do horizonte", mas já ocupavam um enorme espaço no céu... Após nos livrarmos dos tocos e passagens que nos levaram aquele local próximo ao "sonho de qualquer pescador", encontramo-nos com um dos braços do rio Trombetas, e com o MOTOR ABERTO, disparamos na direção desejada pelo piloteiro (aparentemente é o que mais gostam de fazer, navegar em disparada...). Ainda com claridade, "adentramos" num enorme lago, daqueles em que uma das margens fica "pequena" pela distância, e ainda com o motor a toda, começamos a enfrentar um "ventinho" que assoprava na direção inversa a que nos dirigíamos. No princípio não prestamos sequer atenção, mas surpreendeu-nos a rapidez com que aquela massa de nuvens, antes no horizonte, se deslocava na nossa direção ! O motor deu uma "'pifada" (nada que preocupasse o piloteiro) e nesse momento de silêncio e solidão do lago, pudemos ouvir os primeiros trovões que se avizinhavam (os relâmpagos já acompanhávamos). Hora de fazermos uma avaliação da situação ! Nenhum sinal do REGIONAL que procurávamos (não esquecer que estávamos num lago de enorme visibilidade), e sem chance de encontrar um abrigo para passarmos a chuva (as margens do lago eram planas - de algo próximo à areias - sem qualquer tipo de árvore que pudéssemos aproveitar). Decidimos voltar ao ponto de partida, até porque no local onde havíamos saído nesse braço do rio, existia uma casa de ribeirinho que poderia nos servir de abrigo ! Assim sendo, e FUGINDO da chuva cada vez mais próxima, iniciamos nosso retorno em busca daquele ponto de abrigo ! O problema era que as nuvens se deslocavam mais rapidamente que nós, e a preocupação maior era a de que poderíamos servir de "para raios" num lago daqueles ! Conseguimos entrar no braço do rio antes da claridade se dissipar, mas a escuridão já começava se mostrar presente, intercalando os lampejos dos clarões dos raios com a percepção das margens (isso tudo sem chover) ! Finalmente avistamos o ponto desejado para prendermos o bote ! Ficava distante do local onde estávamos cerca de 500 metros, mas se tornaram difíceis de serem completados, pela chuva que começou a cair ! Era daquelas que não dava para ver nada em volta (coisa de filme). Mas por estarmos perto, não demorou a encostarmos num pequeno barco regional propositadamente encalhado, onde amarramos o bote com dificuldade (pura lama que dificultava até andarmos !). Passamos para dentro do barquinho regional (teoricamente teria uma cobertura), onde estaríamos mais abrigados, mas a impressão que tivemos foi de que chovia mais dentro do barco do que fora ! Pelo menos estávamos mais protegidos do vento ali do que no nosso bote ! Mas era chuva ! A casa que havíamos visto ficava logo acima do ponto onde encontramos o barquinho regional preso, mas o acesso de terra (lama) tornou a chegada "inacessível" ! Resolvemos esperar a chegada do nosso REGIONAL ! Nesses momentos o tempo parece ser maior que a realidade, e tudo isso aconteceu antes das 18:30 h ! Foi fácil guardar isso, pois foi nesse horário, no meio da chuva - forte e intermitente, assim como os relâmpagos e trovões - que enxergamos um faixo de luz vasculhando as margens, certamente à nossa procura ! Para evitar "desencontros", decidimos ir na direção da luz que cortava o breu, mas ao chegarmos ao bote encontramos tanta água dentro dele que foi necessário um "mutirão" para colocá-lo em condições de funcionamento (passamos a entender o porque do barquinho regional estar "encalhado"). Quando terminamos, o nosso REGIONAL já nos havia localizado com a luz, o que FACILITOU nossa ida ao encontro dos demais companheiros - certamente preocupados com nossa segurança ! Como previsto, o sempre consciente (embora NOVATO) Doctor estava agoniado com a situação ! Depois de içados a bordo, já tendo tomado umas duas para esquentar o corpo do frio que estávamos sentindo e com roupas secas é que pudemos relaxar (todos) da aventura vivenciada ! Para minimizar a situação (não houve qualquer imprudência - salvo a de termos ficado separados), fomos apurar o resultado de nosso último dia naquelas paragens, e COM ALEGRIA verificamos que também o outro grupo havia tido sucesso na sua empreitada ! As descrições evidenciaram uma praia onde puderam ser feitos arremessos e onde existiam diversos tipos de peixe (assim como de tamanhos) a serem trabalhados ! Geraldinho, pela experiência, pegou inúmeros, enquanto Cecil disse ter aproveitado bastante se lamentando contudo pela perda de um belo exemplar (seguramente de mais de 5 quilos - segundo ele) no final da tarde. O próprio Doctor chegou a pegar alguns exemplares nos arremessos, o que não deixou de ser um bom aprendizado ! Mais uma vez estaríamos retornando com os isopores cheios ! Era hora de iniciarmos a VIAGEM DE VOLTA ! Passamos pela cidade de Oriximiná por volta das 22:00 h, onde foi feita uma parada (a última) para deixar "Manuelzinho" e pegar alguma "carga" para levar "de carona" para Santarém. Ficamos parados cerca de meia hora, mas acertados que iríamos viajar durante a noite, até para evitar algum contratempo "adicional". Finalmente o "DÉBORA" (era assim que se chamava nosso REGIONAL) se colocou em marcha pelo rio Trombetas ! Antes que me esqueça, o TEMPORAL já havia acabado há tempos (deve ter durado - no seu total - umas três horas) e navegávamos sob um belíssimo céu estrelado ! Estávamos num ritmo mais veloz que a vinda, afinal a favor correnteza, e ao passamos por Óbidos - cedo pela manhã - tivemos certeza de que chegaríamos com tempo de sobra em Santarém ! Durante a manhã aproveitamos para arrumar as "tralhas" (ou o que sobrou dela), conversar as últimas impressões e aproveitar o "passeio de barco" pelo rio Solimões, desta feita bem mais relaxados e sem as expectativas e ansiedades da ida ! Como previsto, visualizamos Santarém antes do meio dia, e como o horário estava "folgado" (pela primeira vez), solicitamos - e fomos atendidos - uma parada próximo à Alter do Chão, onde pudemos tomar um banho de rio no Tapajós, com suas águas transparentes sempre convidativas ! Paramos por volta das 13:30 h e sob "um sol amazônico", pudemos desfrutar de um refrescante banho, acompanhado por um descanso - com cerveja e tira gosto (os últimos) de quase uma hora ! O saldo final havia sido positivo e algumas "lições" foram incorporadas ao nosso conhecimento a fim de que não se repetissem no futuro ! Mais uma vez se evidenciou a necessidade de utilizar "gente do ramo" como de fundamental importância para o sucesso da empreitada ! Por maior que seja a "boa vontade" (e ela está sempre presente) dos piloteiros, comandante do barco, tripulação, o risco de NÃO FUNCIONAR é permanente ! Precisamos - dentro da realidade de cada um, principalmente a financeira - buscar uma nova alternativa, onde possamos usufruir SEM SOBRESSALTOS, de todo o tempo investido nesse período dedicado ao convívio e pesca ! Nesses momentos de tranquilidade, aproveitamos para tirar algumas fotos, dividir os peixes - sempre na "sadia bagunça" de ver quem levaria as "diversidades" para casa (entenda-se como "diversidade" as diversas qualidades de espécies encontradas), além de - é claro - os magníficos troféus capturados ! Os tucunas dessa feita estavam tão "graúdos" (na média) que não deu nenhuma "discussão" à respeito do assunto ! Todo mundo voltou mais que "bem aquinhoado" e com seus respectivos isopores cheios ! Tenho a impressão que foi a mais "produtiva" pescaria (em termos de tucuna) que fizemos pelo norte até então ! Não apenas em quantidade, mas principalmente nos tamanhos capturados ! O registro de maior peixe capturado pertenceu ao Doctor (sem chance de questionamento), com seu tucunão de seis quilos, mas o segundo lugar foi muito embolado ! Acredito que todos os demais pescadores conseguiram seus exemplares acima dos cinco quilos ! O importante contudo é que estávamos muito satisfeitos com o resultado final alcançado ! Mas já era hora de retornarmos "a civilização", e contrariados tivemos que nos despedir daquelas águas límpidas e belas, trocando nossas bermudas por calças compridas (apenas para exemplificar a "perda de liberdade"), e pacientemente aguardando o retorno ao cais de desembarque. Essa operação levou cerca de uma hora, de modo que chegamos à Santarém dentro do horário previsto e planejado para o embarque com destino à Belém ! No fechamento das contas, alguns pequenos problemas surgiram, quase sempre ligados ao montante pactuado, e o que estava (ou não) incluso, dentro das despesas efetivadas. A cota de combustível acertada fora "insuficiente", e outros "detalhes" desse tipo, típicos de um "aproveitamento" de última hora (sempre utilizando como pressão, o horário de embarque). Felizmente Ricardo, o gerente do Banco, estava presente e ficou encarregado de verificar os pleitos e me passar um "fax / telex" no dia seguinte para Salvador, historiando mo assunto ! Não tivemos dúvidas de que se tratava de uma "artimanha" para um "faturamento adicional", e talvez por causa disso é que nossos comentários de buscar uma estrutura mais profissional para a próxima viagem tomaram ainda mais força ! Finalmente nos despedimos de todos (com a falsa promessa" de retorno no próximo ano, para uma pesca no rio Juruena, onde segundo Aguinaldo, tucunas abaixo de 5 quilos eram devolvidos para não ocupar espaço dos maiores !) O voo para Belém estava cheio - como de hábito - mas conseguimos pagar POUCO EXCESSO nesse trecho ! A expectativa contudo seria o embarque do dia seguinte ! No aeroporto, à nossa espera, encontravam-se Marcos Fonseca, Luiz Henrique e nosso tradicional "seu Zé". Estávamos bem dispostos mas nem por isso menos cansados que das vezes anteriores, de modo que TODOS estavam mesmo a fim de uma CAMA e um AR CONDICIONADO ! Fomos para o já conhecido HOTEL VILA RICA, onde pudemos - graças ao relacionamento comercial do proprietário com o Banco - colocar nossos peixes na câmara frigorífica até a madrugada seguinte. Apesar do esforço de Luiz Henrique que queria nos recepcionar de alguma forma, jantamos no próprio hotel e nos recolhemos relativamente cedo (o cansaço de todos era evidente). Saímos cedo - às pressas, pois todos estavam profundamente adormecidos no horário combinado - para pegar o "tradicional RG 301" - exceto Armando que estava indo para BH, cujo voo sairia um pouco mais tarde - e na chegada ao aeroporto, a tradicional visão de uma interminável fila de embarque, nos deu a certeza de que o voo estaria cheio (nada de novo). Com isso, a dificuldade de embarque - sem pagamento de excesso - foi evidente ! Tivemos que recorrer a ter bagagens de mão e diminuir a quantidade de tralha embarcada, o que motivou Cecil pegar uma "carona" no tubo plástico de Geraldinho (fato que fez com que acabasse se despedindo dessas varas), pois "nosso parceiro" SUMIU depois disso - refiro-me chegando em Salvador, Depois de muito dialogar e pressionar, conseguimos uma pequena redução (pouco expressiva naquela altura) e sem outra alternativa pagamos essa diferença (rachada entre os viajantes de Salvador) e fomos para o embarque, onde sequer tiramos qualquer proveito da sala VIP, pois além do voo estar no horário, os passageiros já tinham sido chamados... Complicado encontrar locais próximos uns dos outros, pois a "balbúrdia" já estava estabelecida... Uma lástima não implementarem os lugares marcados junto do "check in" ! Na chegada em Salvador estávamos - como era previsto - exaustos, mas nem por isso menos felizes e confiantes de que a próxima pescaria seria AINDA MELHOR ! 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Marco Túlio Bueno Vieira Postado Abril 28, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Abril 28, 2016 Nossa que relato, esta época estava apenas com 2 anos. Nem sabia o que era pescar kkkkkkkkkkkkkkkk Show de bola muito bom mesmo parabéns Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Eduardo Chedid Postado Abril 28, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Abril 28, 2016 Muito top em 92 fazia o segundo ano de engenharia , na época pouco pescava , não existia internet , na verdade os computadores engatinhavam na época , devia ser realmente bem difícil arrumar informações e organizar turma para isso , pescaria top , muitos peixes , acho que não se predava tanto como hj , sao esses os momentos memoráveis mesmo aqueles que ficam na nossa memória para sempre mesmo , parabéns Kid e aos Mocorongos , pescando desde sempre . Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Guto Pinto Postado Abril 29, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Abril 29, 2016 Outro relato sensacional, me divirto, racho o bico das "roupas" de pesca , acho que não existia cancer de pele aquela época, kkkkkkkkk.. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Carlos Vettorazzi Postado Abril 29, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Abril 29, 2016 Grande Kid Outra maravilha de relato. A diferença entre as pescarias que fazemos hoje, com operadores especializados, e as que fazíamos (também sou daquela época) no passado, é brutal. Os riscos (de todo tipo) eram maiores, mas isso ajudava a tornar nossas pescarias "aventuras" inesquecíveis. Parabéns por mais esse belo relato! Grande abraço! Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Anderson Luis Ribeiro Blas Postado Maio 2, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Maio 2, 2016 Que baita relato em Kid , viajo nas suas narrativas , essas suas pescarias eram verdadeiras aventuras , uma época que tudo era muito mais difícil , mas a vontade de pescar superava tudo . Gostei de mais desse seu relato parabéns !! Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Paulo R Marques Postado Maio 2, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Maio 2, 2016 Ufaa , esse demorou pra sair hein , mas quando saiu veio com a mesma narrativa que me prendeu a ler os outros anteriores , sem duvida naquela época não era apenas uma pescaria , mas sim uma aventura marcante para toda a vida.... O melhor de tudo isso , é o acumulo de "bagagem" que se ganha com uma aventura destas , sempre algo a ser melhorado para a próxima pescaria , e o melhor dom que alguém pode ter nos dias de hoje é compartilhar seu aprendizado e com isso ajudar os novos aventureiros/pescadores. Não preciso dizer o quão bom é ler seus relatos/lembranças , agora aguardando o número 05 ..... Grande abraço , Paulinho. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Olimpio de Campos Postado Maio 8, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Maio 8, 2016 Caro Kid, creio que a quarta aventura foi a mais proveitosa em termos de quantidade de peixes, porém a mais cheia de intercorrencias com a equipe/embarcação; desta feita tiveram mais sorte ou maior cuidado para evitar acidentes (nada de cortes ou erisipelas); experimentaram talvez o primeiro grande susto com as torrenciais chuvas amazonicas. senti falta do videozinho, afinal o aparato do "Geraldinho" deve ter rendido boas imagens (claro, nada comparavel a facilidade dos aparelhos atuais - mesmo pequenos celulares geram imagens em farta quantidade). sobre a forma como descreve os preparativos, as alegrias e emoções da turma - "sensacional" grande abc Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Marcelo Terra Postado Maio 8, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Maio 8, 2016 As poucas vezes que fui a AM, foram na carona de relatos "como este", que só aumenta minha preocupação por uma "ida real". Ontem estive pescando aqui pertinho de casa e já estou contando os minutos para a próxima... (imagina lá) Parabéns lindo relato e pescaria Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Dair Helaehil Postado Setembro 2, 2016 Denunciar Compartilhar Postado Setembro 2, 2016 Mais uma aventura para a Enciclopédia da Pesca!!!Sensacional. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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