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44 minutos atrás, Pepe Melega disse:

Infelizmente a muito ruído acontecendo, JR Cruel, Fabricio e Gilbertinho de fato há ocorrências na região de SIRN e houve e há um ruído ainda pior acontecendo por parte de operadores de outras regiões querendo colocar lenha nessa fogueira - acha visto o comentário do Cachorão - a quem conheço pessoalmente.

De fato há uma consulta de operadores não só de origem externa (fora do Brasil) e também outros antigos que usam o sistema compensatório para se firmar em aéreas que são vendidas como exclusiva de suas operações. Há um atrativo por pescar em aéreas de reservas - como APA e ou TI de difícil compreensão à mim, mas de muito efeito em diversos tipos de turistas pescadores como se isso lhes fosse uma vantagem - de nada adianta estar nesses locais se não sabe o que fazer! E isso é explorada de forma até inadequada por pouco operadores de plantão que sabem atingir essa demanda criando a oferta. Sabemos que isso existe e luto (e outros também) contra essa atividade com a ferramentas que disponho. 

APA e TI devem ser respeitadas e isso é o que vejo os operadores sérios de SIRN e Barcelos fazerem, até há alguns debates mais sérios por parte de alguns que evitam o desejo de seus clientes em saborear uma culinária regional por contarem com colaboradores que se autorizam a caça-los por serem nativos.

 

Mais o ruído - a qual Fabricio menciona, é o que mais incomoda, pois cria instabilidade a quem fez e faz um trabalho bastante adequado na região colaborando com a economia local, e comunidades que abastecem com mão de obra e alguns produtos de cultivo local. 

 

Artesanato pode ser lindo, bem feito e custar pouco, mas não pode ser tratado como moeda de troca - O turista pescador não é 100% interessado nesse produto, logo não há uma demanda grande a essa oferta - e que sempre é lembrada nas reuniões de ordenamento das regiões pesqueiras existentes.

A demanda a ser criada para melhor usufruir do recurso turistico originário da pesca do tucunaré requer treinamento da mão de obra local para exercer atividades a essa industria, mas será que os municípios estão cientes e desejosos por essa atividade? Será que estão prontos a terem mais hotéis, restaurantes em suas ruas? E os ribeirinhos no geral estarão desejosos de uma trabalho real ligado a uma receita justa? Esses são pontos a serem pesquisados e merecedores de atenção. Pois o dinheiro fácil pelo simples fato de autorizar a entrar em suas terras para pescar é comum e usado por alguns oportunistas de plantão que se dizem operadores e nada acrescentam de fato a região

 

Abraços

 

Caro Pepe,

Não há ruído algum. O que eu trouxe a lume, para conhecimento dos membros do Fórum, reflete o quadro de transição por que passa a pesca esportiva principalmente na Amazônia, que tem sido palco de grandes e sensíveis transformações, embora muito do que há nas leis se estende também a todas as regiões brasileiras.

Vejo que o amigo não é um pescador comum, suas abordagens demonstram um nível de conhecimento que extrapola esse universo. Ao citar as APAs, parece-me que falta alguma coisa para que se entenda adequadamente os aspectos gerais envolvidos na criação e gestão de unidades de conservação e, se me permite, gostaria de submeter o seguinte sob tal aspecto:

Em geral, APAs são criadas principalmente em nível municipal. Trata-se do único meio jurídico-administrativo disponível ao ente federado municipal no que respeita à pesca, visto que a Constituição Federal estabelece que apenas a União, o Distrito Federal e os Estados Federados podem legislar, dentre outros, sobre a pesca (art. 24. VI). Contudo, ao criar uma APA ou outra modalidade de espaço territorial especialmente protegido, o Município supera essa exclusão, podendo editar normas incidentes sobre a pesca no interior de seu perímetro. Daí emerge a possibilidade de os entes municipais exercitarem alguma soberania sobre seus territórios. Indo além, inúmeros doutrinadores entendem que os fatos ocorrem nos municípios, e por tal razão consideram indevidas algumas disposições de leis federais e estaduais, a partir da Carta Maior.

Pessoalmente, criei algumas APAs por onde passei, sempre com o propósito maior de disciplinar a pesca, em geral desenvolvida de modo predatório e irresponsável por pescadores ditos profissionais e também por amadores não-esportivos. Bem sabe que muitos visitam certas regiões para pescar e levar o máximo de peixes possível, para fazer bonito junto aos amigos e compensar os gastos com a aventura. É o caso de pescadores amadores de Manaus, por exemplo. Foram muitas as lanchas que abordei em missões de fiscalização, multando e apreendendo pescados de diversas espécies, dentre elas o Tucunaré. Não foi diferente quando comandei a fiscalização do Pantanal Sul-Matogrossense. Um absurdo.

Em consultorias que realizei a municípios do Amazonas sobre a pesca esportiva, testemunhei casos como o de Oriximiná, bastante extenso e bastante drenado por bacias da região. Visitei áreas distintas, verificando que a falta de ordenamento pesqueiro praticamente fez desaparecer até os pequenos tucunarés e outras espécies de interesse esportivo. Pior, não foram somente os profissionais os responsáveis por tais impactos. Operadoras de turismo disputavam cada centímetro cúbico de água para atender seus clientes, fato que submetia à completa exaustão o que restava dos minguados estoques de espécies esportivas. O que vi agora na região do Rio Negro não é muito diferente. Só em Barcelos há 27 operadoras de turismo de pesca, e o número cresce a cada ano. Isso leva a um esforço de pesca que se irradia por todos os quadrantes e, se não houver a intervenção estatal no ordenamento, logo estaremos a tratar dos grandes peixes de agora como espécies desaparecidas, vivas apenas na memória dos que vivenciaram sua existência nos grandes rios da Amazônia.

Felizmente, alguns municípios despertam para esse horizonte, assim como as organizações e povos indígenas, com apoio da FUNAI e do Ministério Público Federal. Não vejo problema algum no surgimento de outros "Mariés", que obrigam o operador a remunerar os índios pela cessão de recursos naturais que lhes pertencem, segundo a letra da lei maior. Sou amplamente favorável ao desenvolvimento de estudos de capacidade de suporte, limitando o número de pescadores para cada rio ou bacia hidrográfica, não importando quantas empresas estejam autorizadas a explorar seus recursos. Meu trabalho foca exatamente a imposição (enfatizo o termo) de mecanismos de sustentabilidade ambiental e promoção do desenvolvimento socioeconômico dos povos ribeirinhos. Não é do meu interesse o aporte de recursos financeiros por estados e municípios em decorrência da pesca esportiva, notadamente porque não exercem absolutamente nada para justificar e merecer impostos e taxas relacionadas a pesca.

Perdoe, mas não vejo razão em suas palavras quando atribui a interferências externas as recentes posturas do MPF em relação a pesca no médio Rio Negro, tampouco acerca de sua colocação em relação a empresas que operam com exclusividade em determinadas bacias hidrográficas. Uma, porque as interferências decorrem de três principais fatos: a) está evidente um processo de sobrepesca em afluentes do Negro. Durante três dias seguidos vi oito lanchas e botes procedentes de barcos-hotel de turismo em atividade num certo rio que visitei. Não há tucunaré que resista a esse ritmo; b) nenhuma operadora detém exclusividade e responsabilidade sobre os rios que exploram, é terra aberta a todas, desde que tenham permissão da prefeitura, que não ordena nem pensa a pesca esportiva como atividade a ser disciplinada ou de interesse social e econômico permanente e c) as populações ribeirinhas são ignoradas ou enganadas nesse processo. Veja a crítica que o amigo fez sobre o artesanato. Ciente de que a comunidade nada recebe de benefícios da indústria do turismo, qual é o problema em dar alguma contribuição pessoal para compensar a aventura que lhe foi proporcionada e também para auxiliar na resolução de tantas demandas desses povos esquecidos? ]

Duas, quanto às operadoras que detém o direito de exclusividade na exploração de certas bacias, é bom ter em conta que elas pagam ótimas compensações financeiras negociadas e contratadas com as comunidades (indígenas ou não), capacitam e empregam até 100% da mão-de-obra local e pagam pelos serviços comunitários permanentes de fiscalização ambiental, evitando que predadores venham a dizimar os estoques pesqueiros. Do ponto de vista puramente mercadológico, a somatória dessas condições lhes permite praticar merecidamente um preço de mercado superior aos demais. Não se trata de engodo e nem essa predisposição preservacionista dos recursos pesqueiros pode ser nivelada com as operadoras de áreas abertas. Pensar diferente é confundir laranja com melancia.           

Esclarecidos esses pontos, o que vale a pena ressaltar é o aspecto transformador embutido nas atuais restrições da pesca em Terras Indígenas. Como bem disse um colega do Fórum, o Marié se traduz na última fronteira dos gigantes na Amazônia. Razão há para isso, e o nome é Ordenação, lastreada em estudos técnicos, zoneamento e seleção de empresa mediante licitação. 

Caso seja empresário do setor, recomendo preparar-se para essa guinada. Ser for simplesmente pescador, receba a novidade na certeza que ela permitirá que grandes e exitosas pescarias estejam asseguradas para você e seus descendentes. Um pouco mais caras, é verdade, mas a certeza do sucesso na pescaria justifica. 

Abraço do Gilbertinho.            

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1 hora atrás, Luizinho Pe de Valsa disse:

Olá pessoal,

 

Pelo visto temos um tópico quente e interessante por aqui rsrs

 

Em partes concordo com vários pontos mencionado pelo Gilbertinho, porem mesmo com toda minha ignorância na área técnica e jurídica da questão, gostaria de expor minha humilde observação, levando em consideração os vários anos que venho pescando na região, seja em empresa de Turismo ou amigos moradores, além de frequentar a cidade fora da temporada de pesca...

 

Respeito e concordo em partes com sigilo profissional em não poder mencionar os locais que frequentou, porem a de convir que paira no ar que são as chamadas comunidades ribeirinhas do que propriamente Aldeias indígenas.

Não posso afirmar com precisão, pois não sei ao certo quantas comunidades existem na região, mas devo conhecer no mínimo 80% delas, pois existem varias festas religiosas e quem me conhece pessoalmente sabe que gosto de dançar e festas populares rsrs .... portanto posso afirmar que as comunidades que frequentei não possui esta abundancia de artesanato conforme mencionou e, somente algumas possui insumos alimentares (farinha) para vender...

 

Um fato que realmente me chamou atenção no digamos “Pre Relatório” foi o destaque no “EFEITO” e logo no primeiro paragrafo atacou as empresas que estão a anos operando no região, gerando empregos direto e indiretos, vide em vermelho abaixo..

Acabo de chegar de uma viagem de 10 dias ao Rio Negro, mais precisamente na região de Santa Isabel do Rio Negro, palco dos lamentáveis acontecimentos envolvendo a pesca esportiva em rios pertencentes a terras indígenas, que são praticamente todos os utilizados pelas operadoras de turismo.

 

Reconheço que vivemos num pais que se da mais ênfase a coisas ruins do que boas, além do caos político que estamos atravessando... mas não seria mais logico e justo ter aumentado o leque desta pesquisa e ter envolvido todos que por lá a anos estão (operadores, administradores do município e ate mesmo lideres das comunidade) invés de resumir levando em consideração somente uma parte envolvida? Acredito que se fosse desta maneira estaria focando as CAUSAS e não somente os EFEITOS,  além de aparecer algum lado bom de tudo que é feiro... com certeza seu primeiro paragrafo seria muito diferente...

 

Não entrarei no mérito politico e taxas que são recolhidas, mas ai esta um ponto importante que diz respeito as comunidades, mais uma vez volto e destaco a importância de sentarem com todos envolvidos e honestamente colocarem as cartas na mesa...

 

Não estou aqui para defender A ou B, e sim o que é justo e correto, aprendi que não saiba a mão esquerda o bem que foi feita pela direita, também não sou politico e nem tão pouco vivo de aplausos, algumas pessoas que me conhecem sabem que já fiz mais pela parte social de SIRN do que muitas pessoas que por lá ocupam cargos políticos.

 

Pode ate parecer brincadeira, mas nas minhas andanças mundo afora Santa Isabel é um dos meus lugares preferidos, deva ser porque viajo pouco rsrsr

Com certeza existem lugares mais em conta para pesca do Tucunaré com a mesma qualidade do que SIRN, mas não é este o foco no momento rsrs...

Só espero que realmente este tópico/estudo ache uma solução para beneficiar o povo sofrido que por lá vive e que não se torne inviável ou limite acesso para poucos... assim como em diversas áreas no nosso amado pais que sangra em todos os seguimentos....

 

 

Forte abs. a todos e fiquem na Luz....

Luizinho,

Você é um sujeito esperto. Se de fato for um Pé de Valsa, não há lugar no mundo que se compare à Amazônia. É festa todo dia. Como disse antes em um outro tópico, qualquer coisa é motivo para festa na região. Vale religião, boto cor-de-rosa, sucuriju, boi, caju, manga, cupuaçu, açai, castanha, mapim-guaru, rato coró e infindáveis motivos. Bom que você conhece a região, principalmente em suas entranhas, o lado da pesca e da pobreza da maioria dos ribeirinhos. A pesca esportiva move muito dinheiro, só que nada ou quase nada vai para o homem da floresta, que em última análise, deve ser envolvido na atividade e visto como aquele capaz de preservar as espécies de interesse da indústria do turismo, até porque nada se pode esperar das autoridades constituídas.

Contudo, é quem fica na beira do barranco a ver barcos-hotéis repletos de pescadores esportivos e botes singrando as águas de seus domínios à procura de peixes e raramente recebe um simples aceno de mão, um muito obrigado e porque não, um certo ato de louvor pela coragem de viver e criar a família com os escassos recursos que a mão natureza lhe oferece. É lugar para os valentes, por isso fico fulo quando alguém diz que paga taxas e impostos e dá a questão por resolvida, sem considerar a figura quase heroica do ribeirinho. Como morador da cidade e com efetivo apego aos valores cristãos, não posso deixar passar isso em branco. O empresariado precisa ir ao encontro desses povos, e não aguardar ser convidado a uma reunião para tratar do assunto, caso haja. Basta ver e saber o que acontece, conhecer melhor a região e as pessoas onde atua, auxiliá-las em suas demandas e a desenvolver-se, ao invés de permanecer em seus escritórios nas grandes cidades anunciando pacotes e acompanhando o desempenho de suas empresas. Um pouco de humanidade sempre faz bem, e garante seu próprio crescimento como pessoa e empresário.

Por vezes digo que o aprendizado pode se dar pelo amor ou pela dor. Infelizmente, a segunda opção se aplica agora ao que está ocorrendo na região do Rio Negro. Vai doer em muitos, porém ao final tudo será melhor para todos, disso tenho certeza. Quem sobreviver verá. 

Ah, ia esquecendo de agradecer quando diz que finalmente um caso "quente" está em discussão no Fórum.

Abraço do Gilbertinho    

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Gilbertinho, me permiti chama-lo assim, pois é como se identificou, mantenho minha posição de que há muito ruído e esse gerado por interesses diversos e inclusive externo - e os que lá frequenta, sabem como de fato as coisas funcionam, sabem do que estou falando. Há muito o termo compensação se tornou habitual na região - entendo como correto se for esse usado em áreas onde o controle de acesso é feito por serem TI e ou Unidades de Conservação, que nesse caso não ocorre - nem mesmo para se fotografar, imagine para pescar. Porém é lógico que alguns podem por lá se divertir, afinal são políticos, procuradores, desembargadores entre outros que contam com a famosa carteirada - até o momento que alguém resolve não aceitar a carteirada e o caso vêm a tona como alguns ocorridos em Mato Grosso, Tocantins e até na região por onde andou. 

Vou ser bem objetivo - não sou diretamente um empresário do turismo de pesca, mas sou envolvimento há muitos anos com a pesca esportiva, inclusive vivendo profissionalmente dessa desenvolvendo materiais para sua pratica e realizando artigos em revistas especializadas. O que vejo é a preparação de um terreno para o que vou chamar de loteamento de áreas com justificativa de ordenamento pesqueiro. Procura-se escutar a todos, sim há reuniões pelos municípios e também nas comunidades e articula-se de forma a parecer adequada, mas de fato parece que se trata de um jogo de cartas marcadas - não se sinta acusado, não é minha intenção de forma alguma. Mas que há um jogo em andamento há! O objetivo é claro, criar uma forma de compensação para o uso da região, algo que não vejo ruim - se esse recurso fosse de fato bem usado. Mas na pratica em nada ajuda a população ribeirinha e nem todos desejam a compensação financeira somente. Há uma corrente que deseja ser inserida no processo do turismo, quer de fato a condição de trabalho, de troca cultural e de remuneração pelo serviço prestado - pode parecer progressivo demais, mas existe. Sim existe mesmo e há casos de quem começou como barqueiro - para usar um termo mais regional (prefiro guias) e hoje são donos de pousadas de selva que se dedicam ao turismo de pesca. Há também aqueles que só queriam a compensação e hoje continuam da mesma forma que no passado e sem recurso para compra do combustível que alimenta o gerador - que veio da compensação.

Há um ditado que muito se aplica a região, não dê o peixe, ensine a pescar. A industria do turismo está ai, pode ser ordenada e regulamentada de forma a criar oportunidades, gerando recursos e troca de cultura - não de forma compensatória, mas sim por um serviço prestado. Criar oportunidades de pontos de trabalho remunerado é o melhor incentivo que a região pode ter. Fixa o nativo a sua terra de origem, faz com que os visitantes entendam e aprendam seus costumes e na troca se aprende o que é o lugar de origem dos visitantes - com um impacto pequeno em relação a geração por industrialização. Não sou o dono da verdade, mas minha vivência e andanças por modelos de ordenamento de pesca esportiva indicam ser esse um bom caminho para o equilíbrio.

Grato por suas posições e esclarecimentos, 

 

 

 

 

 

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Grande Pepe,

Companheiro de muitas jornadas, professor de pesca com iscas artificiais (lembras do tempo que vinhas dar cursos em Goiânia para a APEGO?), companheiro também no tempo que escrevi artigos para a revista Pesca & Cia, do tempo que fui diretor de meio ambiente da programa de TV  Pesca & Cia (tempos do Otávio Rivolta - saudade imensa). Que bom que continuas nesta luta sem fim e  firme em tuas convicções. 

Sei lá os motivos que estão me levando novamente aos debates em fóruns de pesca, já que eu tinha sucumbido à desesperança (aquela que nos conduz a inércia) e a comodismo do cansaço de ver se repetindo o "mais do mesmo" em todos os rincões deste país. Mas aqueles, como nós com mais de 60, sabem que existem lutas intermináveis, que processos são sempre lentos e que por vezes as causas podem ser perdidas.

Por outro lado também sabemos que as crises (e esta é a mãe de todas) costumam separar os homens dos meninos e talvez seja através dela  se possa conseguir pequenos avanços nos relacionamentos, nas amizades, nas contribuições através do conhecimento e quem sabe, juntos, os homens do bem consigam promover avanços através do esclarecimento, da cultura e especialmente dos exemplos para as gerações atuais e futuras.

Estou pensando em como promover com eficiência um debate (o bom debate) sobre a situação no Rio Negro lá no meu cantinho. Não quero decepcionar as pessoas (sou meticuloso que nem o Raimundinho-rs)  e os companheiros aqui do FBT pois considero este site como o melhor do país (é só uma opinião pessoal tá?). O assunto é tão vasto, o arcabouço ambiental brasileiro é tão complexo e contraditório, os interesses econômicos locais e do turismo selvagem internacional são muito grandes que todo o cuidado é pouco na condução deste processo.

Estás convidado a participar assim como todo e qualquer companheiro que possa contribuir no debate. Estou com alguma dificuldade de estabelecer as prioridades na condução do assunto visto que acredito não se tratar apenas de ruídos, mas da possibilidade concreta de direitos da sociedade e dos pescadores esportivos serem violados.

Num tempo em que a sociedade discute a comunicação na era pós digital, não deixa de ser interessante a possibilidade dum debate aberto, limpo e transparente baseado apenas na verdade buscando apenas esclarecer os companheiros e eventuais interessados. Há de ser uma experiência muito interessante para todos, pois embora os sites estejam fora da moda, só através deles é que existe o  espaço  suficiente para que o conhecimento se aprofunde e as dúvidas possam ser dirimidas.

um grande abraço

Kruel

 

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3 horas atrás, JCKruel disse:

Grande Pepe,

Companheiro de muitas jornadas, professor de pesca com iscas artificiais (lembras do tempo que vinhas dar cursos em Goiânia para a APEGO?), companheiro também no tempo que escrevi artigos para a revista Pesca & Cia, do tempo que fui diretor de meio ambiente da programa de TV  Pesca & Cia (tempos do Otávio Rivolta - saudade imensa). Que bom que continuas nesta luta sem fim e  firme em tuas convicções. 

Sei lá os motivos que estão me levando novamente aos debates em fóruns de pesca, já que eu tinha sucumbido à desesperança (aquela que nos conduz a inércia) e a comodismo do cansaço de ver se repetindo o "mais do mesmo" em todos os rincões deste país. Mas aqueles, como nós com mais de 60, sabem que existem lutas intermináveis, que processos são sempre lentos e que por vezes as causas podem ser perdidas.

Por outro lado também sabemos que as crises (e esta é a mãe de todas) costumam separar os homens dos meninos e talvez seja através dela  se possa conseguir pequenos avanços nos relacionamentos, nas amizades, nas contribuições através do conhecimento e quem sabe, juntos, os homens do bem consigam promover avanços através do esclarecimento, da cultura e especialmente dos exemplos para as gerações atuais e futuras.

Estou pensando em como promover com eficiência um debate (o bom debate) sobre a situação no Rio Negro lá no meu cantinho. Não quero decepcionar as pessoas (sou meticuloso que nem o Raimundinho-rs)  e os companheiros aqui do FBT pois considero este site como o melhor do país (é só uma opinião pessoal tá?). O assunto é tão vasto, o arcabouço ambiental brasileiro é tão complexo e contraditório, os interesses econômicos locais e do turismo selvagem internacional são muito grandes que todo o cuidado é pouco na condução deste processo.

Estás convidado a participar assim como todo e qualquer companheiro que possa contribuir no debate. Estou com alguma dificuldade de estabelecer as prioridades na condução do assunto visto que acredito não se tratar apenas de ruídos, mas da possibilidade concreta de direitos da sociedade e dos pescadores esportivos serem violados.

Num tempo em que a sociedade discute a comunicação na era pós digital, não deixa de ser interessante a possibilidade dum debate aberto, limpo e transparente baseado apenas na verdade buscando apenas esclarecer os companheiros e eventuais interessados. Há de ser uma experiência muito interessante para todos, pois embora os sites estejam fora da moda, só através deles é que existe o  espaço  suficiente para que o conhecimento se aprofunde e as dúvidas possam ser dirimidas.

um grande abraço

Kruel

 

Bom dia querido Kruel, estamos na estrada a muito tempo, tivemos e temos o prazer de ver o que pequenas atitudes como a cota zero de transporte no estado de Goiás foi benéfica, como o modelo negocio de pesca se tornou um mecanismo de progresso a população ribeirinho no majestoso Araguaia e como o modelo extrativista foi sendo esquecido - mesmo com toda a força - leia político oportunista de plantão, querendo o retorno do antigo sistema que só beneficia os intermediários. 

É preciso ter vivência, e essa não só pela idade, mas pelo convívio com o povo da beira d'água e entender de fato suas necessidades. É preciso de fato viver a experiência de uma aldeia e entender como ocorre sua política interna - é em cada etnia do Xingu existe também a política e existe a cultura pelo dinheiro fácil. Mas também existe a luta de dignidade de viver dentro das tradições. Quem já viveu sabe, quem já dormiu dentro de oca com acesso a TV HD recebendo imagens via satélite sabe que o silvícola já não é mais o mesmo a muito.

Bom que esse tema - gerou um ruído em ti, e o temos ativo novamente. Quem sabe ainda teremos mais lutas que valerão a pena, apesar do que os anos vividos nos mostraram que essas são árduas e nem sempre justas. 

 

Abraços

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23 horas atrás, Pepe Melega disse:

Gilbertinho, me permiti chama-lo assim, pois é como se identificou, mantenho minha posição de que há muito ruído e esse gerado por interesses diversos e inclusive externo - e os que lá frequenta, sabem como de fato as coisas funcionam, sabem do que estou falando. Há muito o termo compensação se tornou habitual na região - entendo como correto se for esse usado em áreas onde o controle de acesso é feito por serem TI e ou Unidades de Conservação, que nesse caso não ocorre - nem mesmo para se fotografar, imagine para pescar. Porém é lógico que alguns podem por lá se divertir, afinal são políticos, procuradores, desembargadores entre outros que contam com a famosa carteirada - até o momento que alguém resolve não aceitar a carteirada e o caso vêm a tona como alguns ocorridos em Mato Grosso, Tocantins e até na região por onde andou. 

Vou ser bem objetivo - não sou diretamente um empresário do turismo de pesca, mas sou envolvimento há muitos anos com a pesca esportiva, inclusive vivendo profissionalmente dessa desenvolvendo materiais para sua pratica e realizando artigos em revistas especializadas. O que vejo é a preparação de um terreno para o que vou chamar de loteamento de áreas com justificativa de ordenamento pesqueiro. Procura-se escutar a todos, sim há reuniões pelos municípios e também nas comunidades e articula-se de forma a parecer adequada, mas de fato parece que se trata de um jogo de cartas marcadas - não se sinta acusado, não é minha intenção de forma alguma. Mas que há um jogo em andamento há! O objetivo é claro, criar uma forma de compensação para o uso da região, algo que não vejo ruim - se esse recurso fosse de fato bem usado. Mas na pratica em nada ajuda a população ribeirinha e nem todos desejam a compensação financeira somente. Há uma corrente que deseja ser inserida no processo do turismo, quer de fato a condição de trabalho, de troca cultural e de remuneração pelo serviço prestado - pode parecer progressivo demais, mas existe. Sim existe mesmo e há casos de quem começou como barqueiro - para usar um termo mais regional (prefiro guias) e hoje são donos de pousadas de selva que se dedicam ao turismo de pesca. Há também aqueles que só queriam a compensação e hoje continuam da mesma forma que no passado e sem recurso para compra do combustível que alimenta o gerador - que veio da compensação.

Há um ditado que muito se aplica a região, não dê o peixe, ensine a pescar. A industria do turismo está ai, pode ser ordenada e regulamentada de forma a criar oportunidades, gerando recursos e troca de cultura - não de forma compensatória, mas sim por um serviço prestado. Criar oportunidades de pontos de trabalho remunerado é o melhor incentivo que a região pode ter. Fixa o nativo a sua terra de origem, faz com que os visitantes entendam e aprendam seus costumes e na troca se aprende o que é o lugar de origem dos visitantes - com um impacto pequeno em relação a geração por industrialização. Não sou o dono da verdade, mas minha vivência e andanças por modelos de ordenamento de pesca esportiva indicam ser esse um bom caminho para o equilíbrio.

Grato por suas posições e esclarecimentos, 

Caro Pepe,

Apesar de dissentir sobre certos aspectos que o amigo tem já consolidados, considero oportuno dar uma última contribuição nesse assunto, que levantei no interesse de prevenir os aficionados da pesca que integram este Fórum.

Entendo que as empresas do setor devem se unir (talvez pela vez primeira) para combater as adversidades presentes e futuras, renunciando, pelo tempo necessário, às disputas por espaços de pesca e por clientes. Tal união deve focar a contratação de um grupo de profissionais com amplo conhecimento do assunto, objetivando a produção de documentação de cunho eminentemente técnico, valendo-se de dados, estatísticas, estudos de campo, políticas públicas e legislação, inclusive comparada. Tal documentação, uma vez conclusa, deverá ser apresentada a agentes públicos estratégicos para provocar uma guinada nas atuais iniciativas governamentais relacionadas a pesca esportiva e, num contexto mais amplo, da pesca em geral.

Considero ser este o único caminho possível para salvar a grande maioria das empresas do setor dos efeitos das transformações em curso. Como bem sabe, há um PIB respeitável envolvido nessa indústria, contudo, sua representatividade é quase nula. Poucos como eu sabem qual o juízo de valor que os administradores públicos conferem ao empresariado da pesca, o mesmo vale para as não-governamentais que influenciam e fomentam (sim, fomentam em dinheiro) tais juízos. Juntamente com os aspectos político-eleitorais, isso compõe um cenário por demais ameaçador, que ao fim e ao cabo explicam as verdadeiras e dissimuladas causas que podem resultar no encerramento de atividades de parte importante do empresariado da pesca. Quem sabe o que está em curso na região do Rio Negro (não estou a falar de TI) pode sublinhar essa assertiva. Quem não sabe, irá novamente levantar o termo "ruído", mas no curto prazo, infelizmente, conhecerão o sabor desse suposto ruído.

Não sou nem me vejo como profeta do apocalipse - o que aliás detesto, porém conheço demasiadamente bem o que vai pelos corredores, esquinas e cantos da administração pública, ainda porque  faço parte dela ate os dias atuais, e lá se vão mais de três décadas de aprendizado e experiência. Ainda que o empresariado do setor acate a recomendação ora submetida, e em face dela viabilize ações que unam o setor, antecipo meu desinteresse em participar desse processo, face a uma boa carga de trabalho por resolver. Porém creio que pessoas do seu nível podem ser contratadas para esse fim, formando uma equipe bastante plural - já que o assunto não deve ser tratado com amadorismo ou paixão, e por tal razão acrescento que as abordagens deverão ter caráter multidisciplinar (ambiente, sociedade, economia e normatização), caso contrário, a produção será desconsiderada por quem de responsabilidade, interesse ou poder nessa matéria.

Fica um abraço do Gilbertinho. o mais veterano da turma dos 60, sem que isso confira peso maior, exceto corporal, eventualmente.    

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Luisinho,vc tirou as palavras da minha boca(ou teclado....kkkk),tive que ler novamente,achei que estavam falando do Xingu.

É lógico que algum tipo de ordenamento tem que ser feito,caso contrário daqui alguns anos existirão semáforos naqueles rios.:gorfei:

Agora......sair atirando desse jeito e ainda botar a culpa nos empresários.....que os caras estão ganhando muito $$$ e não fazem nada é não conhecer a realidade.

Ser empresário nesse país é fazer papel de idiota,sustentamos uma cambada de ladrões(políticos) e burocratas que ficam sentados em um gabinete pensando( e se organizando) como fazer para extorquir de quem realmente produz.E lá é a mesma coisa,as dificuldades são imensas,deve ser doído ouvir esse tipo de coisa....

Só para fechar Gilbertinho,vai com calma por que lá tem gente que trabalha e muuuuiiito.

Fica a pergunta:"O que seria de Barcelos e SIRN se não fosse a pesca esportiva??"

Abs.

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Fiquei até atordoado com tantas informações e opiniões RELEVANTES e muito bem construídas.

Pra mim , que sou apenas um pescador , como dizem alguns , "atrás da batida perfeita", essas questões políticas não deveriam me afetar, embora o Gilbertinho já tenha alertado que sim.

Mas sendo eu, um mero pescador/consumidor, as coisas deveriam ser simples de resolver:

1- Pescar somente em áreas permitidas , ou seja, fora das proibidas.

2- Aldeias e índios. Quem tem que zelar por eles é o poder público. Como só pesco em áreas não indígenas (permitidas), eu não tenho nada com eles e nem eles comigo.

3- Pescaria é um momento que espero um ano, e pagando caro. Vou lá só pra curtir. Não tenho compromisso em fazer ação social. Pra isso eu precisaria de outra semana. Minha contribuição, que é parca sei, é dar uma boa gorjeta pro guia e tripulação.

4- Comprar artesanato. OK. Mas tem um problema, dependendo do objeto ele pode quebrar dentro da mala. E a minha mala já vai só com o básico porque há limitações de peso da bagagem. Se o silvícola fizer uma isca que pega peixe eu compro várias. Se for um vaso, não tem como.

 

Se o poder público, o MPF e Foruns e representantes dos indios resolveram fechar tudo e ninguém poder mais pescar por lá, fazer oque. Eu não quero ser preso.

Simplesmente vou mudar de destino e ir pra outro lugar. E relembrar dos dias maravilhosos que passei em Barcelos.

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Olá amigos. Assunto sempre muito duvidoso e contraditório, mas o meu ver, um tanto fácil, porém demorado de se resolver(desde que se haja consenso, que é isso que falta por lá) e algumas palavras aqui descritas me parecem procurar chifre na cabeça de cavalo. 

É proibido pescar nas reservas? Ok, sem problemas. Se tem operador pescando lá? Multa neles. 

Em relação à pouca "atenção" dada a comunidade indígena ou cabocla, acredito que mais deve ser feito mesmo. Um começo foi a tal taxa criada, com o consenso dos operadores e pescadores, com o intuito de lhes ajudar, e o que aconteceu? Se não roubassem tudo, seria uma excelente iniciativa. Mas pergunto: Será que nunca vai dar certo? Se deixar essa taxa nas mãos dos operadores e eles, através de uma comissão fiscalizadora particular com um membro de cada empresa, repassassem para as comunidades de várias formas (alimentos, combustível, remédios, etc) não seria menos "perigoso" do dinheiro sumir? Pergunto novamente: Será que cabe aos operadores essa obrigação? Lhes dando algo sem nada em troca seria a solução ideal? Ou vão abrir, juntos aos órgãos, a pescaria nas reservas? Eles querem trabalhar junto as empresas ou de qualquer outra forma ou só querem a fatia do bolo? Assim como alguns órgãos do governo que nunca fizeram nada além de nada pela pesca e pelo povo, e que agora do nada aparecem querendo mostrar mais uma vez sua inutilidade infinita? Parece piada!

Lembrando que muitos locais já trabalham com os operadores ou por conta própria, explorando o santo turismo. E deixando de ser ingênuos, quem quiser ir pescar em algumas reservas, se arriscar pagar o que pedem, não encontrarão muitos obstáculos. Não há tantos inocentes assim por aí.

E em relação a pressão de pesca, não sou biólogo, mas acredito que ela é enorme e vai além das capacidades dos rios. Tem muito barco por lá mesmo. De turismo e de geleiros. Caberia um estudo científico com pessoas idôneas a fim de medir os estoques pesqueiros e a capacidade semanal de turistas e geleiros que os rios podem receber. Aí sim se teria uma ideia concreta e poderia criar limites para os operadores(dando preferência aqueles que lá estão a tempos e empregam pessoas da região e que principalmente deixem a maior parte de sua renda por lá), para os geleiros(cota zero((JÁ)) ou cota semanal) e etc. Medidas drásticas por aqui descritas, não podem ser tomadas por achismos ou somente por experiências de vida, mesmo que essas contem bastante. 

E mesmo não sendo esse o tema principal do tópico, não me sai do pensamento os antigos boatos de se fechar quase todos os rios do médio e alto Rio Negro criando TIs, com a desculpa de que os que lá vivem são índios, ao invés de caboclos e com isso nos limitando a pescar somente no Rio Negro(ou nem isso) e cobrar uma fortuna pelas "autorizações" para podermos entrar nos afluentes.

Esses ruídos que, hora ou outra estouram(não creio em nenhum momento que seja a intenção do autor desse tópico), sempre me parecem cheiro de dólares e euros mas, principalmente, ganância e oportunismo...😔

 

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33 minutos atrás, Luiz Transferetti disse:

 Ola amigos. Assunto muito duvidoso é contraditório, mais ao meu ver, um tanto fácil, porém demorado de se resolver(desde que se queria). Algumas palavras aqui escritas me parecem chifre na cabeça de cavalo.

Mesmo não sendo esse o tema principal do tópico, não me sai do pensamento os antigos boatos de se fechar os rios do médio e alto Rio Negro para se fazer TI, dando desculpas que os que lá vivem são índios, ao invés de caboclos, parecem vir à tona com mais intensidade agora.

Isso parece cheiro de dólares e euros...😔

 

perfeita colocação, vide operação do rio marié, nem o piloteiro é da terra, ao menos o que aparece em um video postado aqui no forum, muito estranho tudo isso!!

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