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Rio Kenai. Alaska - Agosto 2022


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Esta viagem é do tipo que se pode esperar muito mais do que uma simples pescaria. O slogan do Alaska é “Final Frontier”, pois devido à sua localização geográfica e ambiente teoricamente inóspito não é um destino óbvio de turismo.

 

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A viagem foi planejada pelos amigos Marcos Glueck e Ari da Fishing Business, agência de turismo de pesca que tem se especializado na busca de roteiros de pesca pouco convencionais. Os amigos Neander, Anselmo e Rudi (que também estiveram comigo no Canadá) me convidaram para suprir a vaga de um amigo que, por motivos particulares, não poderia participar desta aventura. Notem que o roteiro foi contratado para 2020 e devido à pandemia foi sendo adiado até finalmente ocorrer em agosto de 2022. Também fizeram parte desta viagem os amigos Marcos Glueck, Silvio, Pedro Ivo, Antonio Pedro, e o casal Sidney e Rayse.
 
Cada pescador definiu seu próprio roteiro de ida e nos encontramos somente em Anchorage no Alaska no dia 20 de agosto, para seguirmos de carro para Soldotna/Kenai na manhã do dia seguinte. Eu e o Silvio fomos os primeiros a chegar e fomos comer um delicioso Hamburguer de Bisão para conhecer um pouco da comida local. Acabamos nos separando em 3 subgrupos pela divisão dos carros e eu segui com Neander, Anselmo e Rudi; sendo que esta divisão também foi replicada nos barcos de pesca, com exceção da pesca de Halibut onde todos compartilhamos o mesmo barco.

 

Após conhecer a cidade de Anchorage e visitar uma loja de pesca (é claro) da Cabella’s/Bass Pro seguimos para Seward, para conhecermos um pouco mais do Alaska e visitarmos o porto local e o aquário da cidade. Com este desvio de mais de 100 milhas chegamos ao Salmon Catcher Lodge em Kenai apenas no final da tarde. O lodge é bonito e composto por várias cabanas independentes numa grande área (tipo uma chácara), todas construídas em toras de pinus e com uma técnica que não utiliza pregos, com cozinha e lavanderia completa em cada unidade. Existe ainda a área de processamento, embalagem e congelamento dos peixes, escritório, loja, academia, sauna e área de empréstimo de waders, botas e capas. Após nos instalarmos fomos comprar nossos suprimentos no Hipermercado Fred Meyer em Soldotna, visto que iríamos preparar nossas próprias refeições (exceto almoço) no lodge.

 

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Terça-feira, dia 24/08, acordamos às 04h30 para começarmos os trabalhos.
 
Nós pescamos por 6 dias. A programação original eram 5 dias de pesca e um de folga, mas optamos por um dia a mais de pesca, pois pescar nunca é demais (kkkk). Assim, a pescaria foi bastante variada: Pescamos 4 vezes no Rio Kenai, sendo duas vezes descendo 7 milhas de rio desde Cooper Landing até Russian River Ferry, uma vez descendo o Rio Kenai desde Russian River Ferry por 7 milhas e uma vez na Foz do Rio Kenai. Completamos a viagem com mais duas pescarias: uma em Crescent Lake (para também avistarmos Ursos neste ambiente mais selvagem) e uma pescaria de Halibuts em alto mar.
 
Corredeiras do Rio Kenai.
 
A pescaria nas corredeiras do Rio Kenai é feita num barco de alumínio próprio para rafting e pescaria, com uma cadeira para o remador e mais quatro ou três para os pescadores. O tempo de pesca era de 6 horas nas corredeiras, com paradas para pescar nas praias do rio. Os barcos levavam varas de fly com pequenas boias e apenas com miçangas próximas aos pequenos anzóis e também varas leves de casting com pequenos molinetes, que podiam utilizar a mesma técnica das miçangas ou serem preparadas para o cast com spinners, caymans e crankbaits. Nenhum outro tipo de isca natural era permitido. Cheguei a ser repreendido quando quis colocar uma ova de salmão na ponta do anzol. Notem que os salmões sobem o rio para a desova e as trutas sobem atrás deles para se alimentar das ovas, que são muito parecidas com as miçangas utilizadas.

 

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Pegamos vários peixes, especialmente trutas arco-íris (rainbow) e dolly vardens, white fish, salmões red (sockeye), silver (coho) e pink (humpy). Na proximidade da ponte de Cooper Landing foi onde fizemos a maior quantidade de capturas, chegando a fazer um “quadruple” com um sockeye, duas rainbows e uma dolly. Neste dia nosso guia era o JP, guia local de Cooper Landing, que não cansava de subir o trecho próximo a ponte remando contra a correnteza para que passássemos por várias vezes no ponto mais produtivo.
 
A técnica de pesca era basicamente lançar a isca rio acima e deixar a correnteza levar para recolher e iniciar o processo novamente. Como nos orientaram, era da posição 15 para as 12 até 12 e 15 – como nos ponteiros de um relógio.

 

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Halibuts em alto mar.

 
A pescaria de halibut foi em Homer a bordo do Barco El Patron. Tivemos que sair do lodge às 04h30 da manhã para percorrer o trecho de 180 milhas até Homer, com muito cuidado nas estradas devido a presença de grandes alces que poderiam cruzar a pista. Neste ano já foram registrados 24 acidentes com alces nas estradas desta região.
 
Saímos do porto às 07h00 e navegamos por 1h20 até o primeiro ponto. As iscas eram soltas até o fundo com chumbos bem pesados (cerca de 1 kg) e iscados com pedaços de peixe “temperados” com alho e óleo de peixe. Quando tocava a campainha do barco todos soltávamos as linhas, iniciando o recolhimento rapidamente se o comandante tocasse a campainha novamente, para troca de ponto de pesca. O recolhimento era feito preferencialmente sem a retirada das varas dos suportes, pois os peixes, especialmente os maiores representam um grande desafio para os pescadores e para o equipamento.
 
A quota é de 2 halibuts por pescador e uma vez que a cota tenha sido atingida a pescaria acaba. Por azar, neste dia dois colegas esqueceram suas licenças de pesca no lodge, reduzindo a cota do nosso grupo de 18 para 14 halibuts. Demoramos cerca de 3 horas para capturar as 14 unidades de halibuts e mais uma quantidade equivalente de tamborils e iniciamos o retorno para o porto. No caminho de volta, a tripulação (Adara e Dalton) limpou os peixes e deixaram 30 quilos de filés prontos para nossa viagem de volta ao lodge. Aproveitando a visita a Homer fomos conhecer alguns dos barcos do programa Pesca Mortal, como o Time Bandit, e o bar de 1 milhão de dólares, Salty Dawg Saloon, onde os clientes escrevem seus nomes e mensagens em notas de 1 dólar e as fixam no teto e paredes do bar.
 
Nota: a licença de pesca é diária e obrigatória, devendo ser paga pelos pescadores antes das pescarias. Na maioria dos mercados da região é possível adquiri-las.

 

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Crescent Lake.
 
A ida para Crescent Lake é mais do que uma pescaria, pois já inicia num voo de 40 minutos num hidroavião canadense “De Havilland” de 1958, cruzando o rio Kenai e passando por cima de um glacial. O lago é grande e capturamos várias trutas, mas o mais impressionante era a presença dos ursos, que foram avistados várias vezes. Numa destas situações estávamos pescando numa praia e o guia nos chamou para ficarmos mais perto do barco. Pouco depois um urso passou pela praia onde estávamos pescando e logo fomos liberados para pescar novamente. Segundo o guia, os ursos só querem os peixes e não teríamos que nos preocupar.... muito. De qualquer modo, os guias utilizam um spray que afasta os ursos caso eles se interessem pelos pescadores.
 
Outra situação que chamou nossa atenção foi quando um urso localizou filhotes de castor dentro da estrutura de galhos e lama construída por eles. Ficamos à distância acompanhando por alguns minutos o trabalho do urso em abrir com as suas garras um acesso para pegar os filhotes, mas não sabemos o final desta história... Geralmente, as casas de Castor são feitas à beira da água e existe uma rota de fuga por baixo da água, mas os filhotes provavelmente ainda não estavam prontos para isto.

 

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Foz do Rio Kenai.
 
A pescaria de salmões silver foi realizada na foz do Rio Kenai. Apesar da briga fantástica destes peixes, foi uma pescaria que não gostamos muito. Saímos para pescar num barco bem equipado, mas muito sujo. Paramos na beira de um barranco após 10 minutos de navegação e fomos avisados pelo piloto que os salmões estavam naquele ponto e que nossa cota era de 2 peixes por pescador, que foram pegos em pouco mais de uma hora e logo voltamos para a marina, onde os salmões foram limpos e entregues para nós – tudo muito “burocrático”. O material leve era iscado com ovas de salmão e a briga era realmente fantástica. O guia nos orientava para apertarmos a fricção, mas nós preferimos contrariá-lo e abrir um pouco a fricção para sentir mais a luta, mesmo com o desconforto do nosso piloto.

 

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O retorno.
 
No último dia no lodge, parte do grupo foi fazer um pequeno cruzeiro em Seward para ver as geleiras e, como já comentei, nós repetimos a fantástica pescaria no Rio Kenai, remando desde Cooper Landing. No dia seguinte iniciamos a viagem de volta e aproveitamos para conhecer Whittier, antiga base americana secreta da segunda guerra mundial, acessível através de um túnel de 2.8 milhas com pista larga o suficiente para apenas um veículo. O lugar, a estrada, o túnel, a marina e o museu são muito legais e valem a viagem. Notem que durante a segunda guerra mundial a região de Whittier foi palco de diversas batalhas com os japoneses e por causa da guerra fria entre Rússia e EUA o Alaska viveu 45 anos em alerta vermelho.

 

E assim terminou nossa pequena aventura e nos separamos na direção de nossas casas e famílias, cada um com seu roteiro e já programando a próxima pescaria. Agradeço aos organizadores Marcos e Ari que garantiram o sucesso da viagem, aos colegas que estiveram conosco nesta viagem, pela amizade, parceria e paciência e também aos que nos horaram com a leitura deste não tão breve relato.

 

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1 hora atrás, Astra-Taranis disse:

uau, uau atras de uau!

 

Sei nem o que comentar, parabens, maravilhoso! Excelentes, lindos peixes, lugares de embasbacar! Fotos maravilhosas...

 

Se nao fosse pelo frio eu tb iria ehehhe

Obrigado @Astra-Taranis. Só um detalhe, aqui em Curitiba está mais frio que no Alaska. (Kkkk).

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56 minutos atrás, Kid M disse:

Se isso é uma "pequena aventura"...

Absolutamente fantástico uma experiência como essa.

Só fica a dúvida da obrigatoriedade de uso de material de fly...

Obrigado @Kid M. Na verdade o fly não é obrigatório, mas é mais produtivo nas trutas. No próprio Lodge já avisávamos que tipo de equipamento iríamos querer utilizar no dia seguinte e muitos guias levavam fly e cast.

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15 horas atrás, Arcer disse:

Falar a verdade não gostei sou muito mais os triks de Pereira Barreto é outro nível 

Kkkk. Obrigado @Arcer. Talvez da próxima vez eu sugira para minha turma ir para Pereira Barreto.

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48 minutos atrás, Cristiano Rochinha disse:

Realmente sensacional...Pescar em paisagens de cinema deve ser algo surreal.

Obrigado por compartilhar!

Valeu @Cristiano Rochinha. Tirei um pouco do atrasado da pandemia. Agora vai ser só robalinho em Guaratuba.

 

Abraços.

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Lugar sensacional, que bela aventura... pescar um Salmão na natureza, tirar o filé e fazer um sashimi deve ser Top, tipo de coisa q não tem preço.... e essa embarcação "Time Bandit" aí da foto é bem famosa, aparece no Discovery Channel, nos episódios de "Pesca Mortal" :good:

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Obrigado @Renato Barreto. Para tirar foto com o Time Bandit já foi um perrengue, pois os seguranças não gostam de muita circulação próxima aos barcos mais famosos. 

 

Uma curiosidade,  nos orientaram a congelar o salmão no dia e consumir o sashimi no dia seguinte, como medida sanitária. Mas era excelente mesmo assim...

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Q top, hein @Fernando_Oliveira....sem dúvida um dos melhores relatos dos últimos anos.

Obrigado mais uma vez por compartilhar tamanha aventura conosco. Como sempre digo, vale a pena guarda-lo pela eternidade.

 

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