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Rio Xingu - MT - 2002 -


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- Um lugar inesquecível...

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Cansados de pescar em lugares "batidos" pensávamos em locais pouco conhecidos, tais como Pará e Amazônia. Mapa na mão começamos a apontar aqui, ali, e descobrimos que para fazer uma boa pescaria não se roda mesmos de 4000 Km, por estradas em péssimas condições (até parece novidade!), pelo interior do Brasil. Bons rios no PA e AM são de difícil acesso, e apesar de saber que peixe grande não dá sopa, vimos que a viagem ficaria muito trabalhosa e cara.

Decidimos, então, que nosso destino seria Mato Grosso, em função da proximidade, já que a turma mora em Brasília. Depois de analisarmos Cáceres, Coxim, Porto Jofre, Bacuri do Apa, Piquiri, etc..., decidimos ir para o Alto Xingu, especificamente na região de Canarana-MT. Isto porque a Reserva do Xingu ficava próxima, sabíamos que o lugar era explorado, mas a proximidade da divisa da reserva nos agradava, pois ali era o limite para nós mortais pescadores. Contatos feitos, ficamos entre 03 pesqueiros Rancho Xingu, Pousada Xingu e Pouso do Mutum. ATENÇÃO - Não confundam as duas!!!! Ficamos com o primeiro, isto pela gentileza demonstrada por nosso amigo Ataualpa (dono do Rancho Xingu), que tem um dos melhores ranchos da região. Seu rancho principal tem mordomia pra dar e vender, sua equipe é composta pela nata da região, tanto piloteiros, cozinheiras e empregados, ou melhor, amigos, como ele mesmo faz questão de dizer e tratar, e pela disponibilidade de uma outra casa com gerador, chuveiro elétrico, água nas torneiras, 02 quartos, uma excelente varanda, etc, que fica 05 Km abaixo do rancho principal. Não oferece toda mordomia do rancho principal, mas é confortável, e fica apenas 07 Km, do encontro dos rios 7 de Setembro e Kuluene, onde a partir daí recebe o nome de Xingu.

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Nossa turma que, inicialmente era formada por 05 pescadores, passou para 09, e posteriormente, para 12 pescadores. Escolhemos o mês de agosto, semana de lua cheira para a saída. Nós, que inicialmente iríamos de caminhonete, fomos a bordo de um semi-leito, com 03 televisões, vídeo, som, etc, com bagageiro lotado. Chegamos em Canarana ao meio-dia, almoçamos e pegamos uma jardineira para enfrentar 126 Km de estrada de chão. Depois de muita poeira chegamos em uma travessia de balsa. Depois de várias horas de espera, nossos piloteiros chegaram em 04 voadeiras de 06 metros, passamos a tralha pra dentro e descemos 15 Km de rio, iluminados apenas pela luz da lua. Chegamos ao nosso destino às 23:00 hs, cansados e famintos, sorte a nossa cozinheira Net estar ainda lá para nos preparar uma bóia. Banho quente, rango no bucho e cama.

Manhã ainda escura, estávamos lá, ansiosos para ver como era o rio. O sol saiu por entre as árvores clareando a paisagem, pensamos: estamos no lugar certo. A paisagem era perfeita. Arrumamos os barcos, 06 ao todo, com 02 pescadores mais o piloteiro da região e fomos ao encontro dos rios. O lugar era perfeito, o 7 de Setembro tem a água mais clara que a do Kuluene. Após várias ações de bicudas e cachorras, descemos até a divisa da reserva, mais precisamente às portas da Fazenda Sayonara, um lugar deslumbrante, o rio estreita e forma um poço, ou melhor, uma vala com 12 metros de profundidade, por uns 10 metros de largura, o lugar certo dos grandes peixes de couro, já que a maior parte do rio não passa dos 4,5 metros de profundidade, isso na época da seca. Já estava no local uma duplas dos nossos, poitamos o barco um pouco mais acima, iscamos as tuviras no anzol 7/0, linha 0.45, e lançamos nossa linhas. A turma de baixo não parava de embarcar jaús e cacharas fora de medida, e roncadores que quebravam o silêncio do lugar. E nós? Nada... Parecia praga, no final da manhã estávamos babando com a sorte dos nossos colegas. Ao meio-dia eles subiram em direção ao rancho, e nós como crianças corremos para o lugar deles, como estávamos com sonar, descobrimos que naquele local ficava o inicio da vala, e não sei porque motivo os peixes gostavam dalí. Ao meio-dia e quinze, o meu parceiro, pescador de primeira viagem, com uma varinha da Brea, um molinete Marine Sport, e 30m de linha 0.25, deu o grito, "-FERROU". O peixe foi tomando linha, tomando linha, até que o nosso piloteiro Paulo, resolveu soltar a poita. Já dava pra ver o fundo do carretel quando o motor foi ligado. Corremos ao encontro do peixe, depois de uns 20 minutos de briga e muita sorte, embarcamos o nosso primeiro peixe de medida, um cachara de 1,10m. Pensamos -" É o primeiro dia, hein...."

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No total, passamos 08 dias na beira do rio, e por incrível que pareça, ninguém pegou um peixe maior que o nosso pescador de primeira viagem, mas isso não foi o mais importante. A beleza do lugar é indescritível, bando de 20, 30 capivaras são vistas o dia inteiro, queixadas, rastros de onça, cobras, poraquês, jacarés, mutuns, e uma infinidade de bichos surpreendeu todos nós, a sensação é a de que nunca se caçou naquele lugar, a vegetação as margens do rio é intocada, as cachorras de 08 Kg pra cima dão show, brigam como gente grande. Os tucunarés do 7 de Setembro, apesar dos seus 2 quilos, 2 quilos e meio , não negam a raça. Se fossemos comentar tudo o que vimos de belo, gastaríamos umas 10 páginas, mas fiquem com a certeza de que o Alto Xingu é um dos mais belos cartões postais do país, simplesmente um lugar INESQUECÍVEL.......

Até a próxima.... :wink:

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