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Pescaria no Cristalino - 2006


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"Finalmente o dia da pescaria chegou.

A ansiedade não nos permitia pensar em outra coisa a não ser os peixes, o local, a pousada, o nível das águas e por aí vai........Tudo como sempre...... E mesmo assim a adrenalina falava alto.

Deixei o Guarujá na noite de sexta-feira ( 11/08 ) com destino a São Paulo, mais precisamente à casa do Piva, companheiro de tantas outras pescarias, onde finalizaríamos a arrumação das tralhas, do carro e dormiríamos, para partir no dia seguinte cedo.

Isso feito, apesar da ansiedade à noite de sono foi boa, muito embora ela tenha sido embalada por algumas dozes de whisky, mas isso não vem ao caso....

Manhã de sábado ( 12/08 )

Eram 6:00 h, já estávamos na rua deixando meu carro no estacionamento onde ficaria por toda a semana e pé na estrada. O plano era ( e foi cumprido ) seguir direto a Goiânia, que são 1.000 km de São Paulo, pousar por lá para na manhã seguinte, enfrentar os outros 600 km até Fiovelasco, onde deixaríamos o carro e seguiríamos de voadeira para a pousada. A viagem até Goiânia foi tranqüila, a maior parte a estrada está duplicada e em boas condições de forma que pudemos curtir o por do sol saboreando algumas cervejas junto à piscina do hotel que nos hospedamos. À noite decidimos jantar em um restaurante ( Tucunaré na telha ) que tanto eu como o Piva já conhecíamos, mas que merecia um repeteco. Não comemos o prato tradicional, afinal, tucunarés enjoaríamos de comer na pousada ( pelo menos era essa nossa intenção ).

Ficamos nos petiscos e nas cervejas, mas é claro que rapidamente o cansaço da viagem bateu e fomos ao hotel dormir. Dormir cedo e acordar mais cedo ainda era nossa intenção porque, segundo o Carlinhos ( dono da pousada ), se conseguíssemos sair de Goiânia por volta das 5 h da manhã conseguiríamos chegar a Fiovelasco até 11 h e na pousada até 14 h. Essa correria toda era fundamental porque foi combinado que se fizéssemos os percursos nesses horários seria possível arrumar uma tralha básica e pinchar as primeiras iscas na tarde do domingo. Evidentemente essa era nossa intenção, todo mundo sabe que o primeiro período de pesca é fraco, estamos muito ansiosos, os pinchos sem precisão, a tralha não está amaciada e por aí vai... Logo seria ótimo poder ajustar tudo isso na tarde de domingo para começar a segunda feira afiados.

Pé na estrada logo cedo e chegamos a Fiovelasco no horário. Conforme combinado ligamos para nosso piloteiro e ele ( de muito boa vontade ) concordou em sair imediatamente para a pousada e somente durante a viagem é que comentou conosco que tinha deixado um tucunaré no forno. Sua mulher estava preparando o almoço, mas os fominhas aqui não podiam esperar nem um segundo e mesmo sem saber deixamos o Deuzemar sem seu almoço.

A parte ruim da viagem começou na saída de Fiovelasco, eu não tinha me informado decentemente e só lá é que soubemos que enfrentaríamos 70 km de estrada de terra até o porto. Percurso que se faz facilmente em caminhonetes e não leva mais que uma hora, mas em carro de passeio foram uma hora e meia com muita dor no coração das pedradas e dos buracos que enfrentamos.

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Mas finalmente lá estava o Araguaia e a voadeira que faria a ultima etapa da nossa viagem. A ansiedade era tanta que logicamente nós também não tínhamos comido nada e a fome começava a apertar... Mas o que é a fome perto da pescaria que se iniciaria poucas horas mais tarde?????

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Um vento forte nos preocupava, poderia indicar a entrada de uma frente fria ( que estava prevista ) e conseqüentemente um complicador para a pescaria. Entretanto, naquele momento o vento só representava um pouco de desconforto nas quase duas horas de navegação que tínhamos pela frente.

O Araguaia, assim como outros rios brasileiros, principalmente os do pantanal ou próximos a ele, são lindos e de uma exuberante fauna e flora. A ultima perna da nossa chegada, apesar de cansativa e repleta de ansiedade não poderia ser mais inspiradora. Foram uma hora e quarenta minutos de contemplação ? praias de uma areia branca que normalmente só se vê em algumas praias privilegiadas da nossa costa, animais dos mais variados, desde as mais tradicionais aves ? biguás, garças, papagaios, tuiuiús, aos um pouco mais raros ? colhereiros, tucanos, araras e por aí a fora. Claro que não faltaram jacarés, macacos, capivaras, lagartos, etc.... Sem falar nos botos que lá são um caso a parte....

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Um deleite que com o passar do tempo cedia espaço para a ansiedade que aumentava esperando ver a tal POUSADA. Depois de uma curva no rio o piloteiro aponta a desembocadura do Cristalino e com isso a certeza de que estávamos próximos da pousada, e realmente, a menos de 100 metros encostamos num barranco de areia clara e bastante alto indicando que na cheia o volume de água no Araguaia não é brincadeira.

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A primeira visão da pousada não animava, mas nada diferente de 90% das pousadas que já conheci, mas muito distante de algumas que só conheci por fotos. De qualquer forma, lá estávamos, nosso quarto em alvenaria, piso frio, banheiro, ar-condicionado, dois beliches, prateleiras de alvenaria, porta varas no lado de fora, em fim, nada de luxo, mas o necessário para uma semana de pesca.

Descarregada a voadeira nós começamos a arrumar as tralhas imediatamente, a essa altura eu sentia fome ( umas 15 h ), mas a adrenalina fazia com que ela quase nem fosse percebida. O pessoal da pousada foi muito atencioso e mesmo já encerrado o almoço nos ofereceu algo para comer antes da saída para pescar. Oferta aceita imediatamente e fiquei surpreso, pois acreditava que seria um lanche, algo simples, mas não, já que colocaram uma mesa com uma refeição razoavelmente variada e muito saborosa, foi um deleite. Na volta para o quarto era hora de finalizar os preparativos e sair para os primeiros pinchos.

Nosso piloteiro havia comentado durante a viagem que os tucunarés estavam ativos, porem ?velhacos?. Estávamos no final da temporada e os 60 dias anteriores foram de intensa pesca, movimentação de barcos, etc... As férias escolares de julho lotam aquela região, de pescadores a banhistas, todos querem aproveitar um pouco das praias e peixes do Araguaia. Nada mais natural... Se eu morasse próximo, faria exatamente o mesmo. Bom, nada disso importa, pois o que queríamos mesmo, era PESCAR.

Subimos o Araguaia e entramos no Cristalino, que fazendo um ?aparte?, não tem águas tão cristalinas como eu imaginava. São muito mais claras que as águas do Araguaia, mas cristalinas não são... Próximo à foz do Cristalino tem um emaranhado de lagos que só um piloteiro bom conhecedor do lugar, pode entrar e sair, e mais do que isso, se localizar naquele labirinto. Depois de alguns "vais e vens" chegamos à entrada de uma pequena lagoa onde o acesso, apesar de estar sem vegetaão, não era do mais fáceis porque a ligação estava com pouca água. Nada dramático também, pois bastou descer do barco para aliviar o peso e fazer um pouco de força por não mais que 10 metros. Pronto lá estávamos nós, na primeira lagoa, escolhendo a primeira isca e preparando os primeiros pinchos...

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Enfim, iniciávamos nossa pescaria. O vento tinha parado completamente e a água estava espelhada daquele jeito que só os tucuneiros entendem, desejam e reverenciam. Tudo dentro do normal, lançamentos de merda, sem precisão alguma, cabeleiras nas carretilhas ainda desreguladas, alguns enroscos, e vamos em frente. Ainda na entrada da lagoa, porem longe da margem, o primeiro ataque na minha isca. Pronto, lá estava o primeiro peixe da pescaria, uma aruanã, que eu nem tinha visto. Belo peixe, pequeno, mas valente e bonito. Ele dá o seu espetáculo, é liberado e pronto, o primeiro já tinha saído, faltava o do Piva e os tucunarés.

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Não demorou muito para engatar o primeiro tucunaré, pequeno, entre 1 e 2 kg, mas a brincadeira começava a funcionar. Nós insistíamos nas iscas de superfície e o piloteiro sugeriu ao Piva que tentasse com meia água porque na semana anterior ele havia pescado naquela lagoa e os peixes estavam saindo na meia água. Não demorou muito para o Piva engatar seu tucuna, também no mesmo padrão. Ficamos naquela lagoa quase à tarde toda, embora não tenha sido uma maravilha, foram embarcados 6 tucunas ( 3 de cada ), 2 traíras e 1 aruanã, mas serviu para calibrar o braço, regular o equipamento e diminuir a ansiedade.

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Retornamos para a pousada e entre um petisco aqui e uma cerveja ali, começamos a planejar nossa semana. Dada a diversidade de espécies, nos tentava a possibilidade de experimentar outras, a ficar somente atrás dos tucunas. Decidimos que sempre dedicaríamos um período ao tucuna e que seria sempre o período mais longo, ou seja, as manhãs, e as tardes tentaríamos outras espécies, iniciando pelas já conhecidas pirararas, e no dia seguinte, começaríamos com os para nós quase desconhecidos apapás.

Sendo assim, nosso primeiro dia oficial de pesca seria : Pela manhã tucunarés nas lagoas do Cristalino e à tarde, pirararas nos poços do Araguaia, já que aparentemente o Cristalino não dava condições para pescar a espécie porque estava muito baixo e os poços mais profundos dificilmente passavam dos 2 metros.

Jantar na mesa, e novamente a saborosa comida com fartura e razoavelmente variada. Depois do jantar fomos para a cama, pois descansar se fazia necessário após dois dias de viagem, noites mal dormidas e meio período de pesca. As camas eram confortáveis e o ar conseguia transformar o calor violento de fora num friozinho digno de um cobertor para dormir.

2ª feira;

Amanhece o dia, o céu azul indica que por hora a frente fria estava distante e o calor seria grande. 6 h da manhã já estamos tomando café e antes das 6:30 h já no barco a caminho do ?trabalho?. Andamos muito, entramos em várias lagoas, voltamos na que estivemos no domingo, mas parece que o dia não estava para peixe. O vento voltou forte e isso dificultava muito a pescaria, por fim terminamos a manhã com 4 tucunarés capturados, 2 para cada pescador. Triste primeira manhã, depois da tarde de domingo, confesso que esperávamos mais, de qualquer forma o resultado fraco com os tucunas nos incentivava na busca pelas pirararas que seria naquela mesma tarde.

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Almoço como sempre, arrumação dos "guindastes" e já tínhamos deixado nosso piloteiro incumbido de conseguir as piranhas para não perdermos tempo de pesca. Às 15:00 h como sempre, lá estávamos nós abastecendo a caixa térmica com as famosas cervejas, que sempre acabavam, e com os refrigerantes, que sempre sobravam. Pé na estrada, ou melhor, no rio e navegamos pouco. Um pouco abaixo da entrada do Cristalino, só que na margem oposta encontramos um grande canal que atravessa a Ilha do Bananal. Curioso é que este canal foi aberto em uma enchente há dois anos e tornou-se a principal via de travessia, porque o anterior, que existia desde que "o mundo é mundo", acabou praticamente secando e as grandes embarcações passaram a usar esse novo caminho. Coisas da natureza...

Poitamos na margem esquerda desse canal, evidentemente junto à margem onde se observavam várias árvores caídas e tranqueira que não acabava mais. Eu só pensava que na hora da briga com "uma bruta" aquela pauleira seria um inferno. Porém isso ficou só no pensamento porque após não ter havido qualquer sinal em 40 minutos. procuramos uma outra alternativa. Outros 2 pontos foram testados e o resultado foi o mesmo, nada. Voltamos ao primeiro ponto, que nos pareceu mais promissor e lá ficamos até noite fechada e ainda assim NADA. Interessante comentar que haviam insetos e as picadas eram praticamente inevitáveis, mas não era nada de espantoso ou insuportável. Várias vezes nos esquecemos de passar o repelente e mesmo assim a coisa não foi feia. Já enfrentamos ?bicho? muito mais feio no Pantanal, o Araguaia era fichinha.

De volta a pousada, um whisky para descontrair do trabalho intenso e umas porções de tiragostos nos faziam refletir sobre a produtividade do dia. Outras duplas comentavam resultados melhores, mas de forma nada confiável. Sabe aquelas coisas.. ?estávamos pegando bem tucunaré, mas decidimos pescar um pouco de palmito porque a carne é boa de comer?. Vai engolir. Mesmo assim, eu praticamente abandonava a idéia das pirararas e no dia seguinte seria tucunaré / apapá. Jantar e cama.

3ª feira;

Saímos cedo e como planejado fomos atrás dos tucunarés. O tempo continuava perfeito, muito calor e céu azul, e eu já acreditava que a frente fria não chegaria nunca. Fomos aos lagos e como a dificuldade de encontrar peixes continuava grande, começamos a explorar os lagos com o acesso praticamente fechado. Foi um tal de sair do barco, puxa daqui, empurra dali, e chegávamos em lagos maravilhosos, hora grandes hora pequenos, hora largos, arredondados ( com ou sem ilhas ) hora compridos que lembravam um corredor onde cada pescador podia explorar os dois lados enquanto o barco se movia lentamente pelo centro.

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Num corredor desses lanço a Dr. Spook Junior osso, a única por sinal, e logo nos primeiros movimentos um belo tucunaré ataca. Uma forte corrida lateral e uma briga desproporcional ao tamanho do peixe, logo notamos o que estava acontecendo. Inicialmente imaginei que fosse um dublê na mesma isca, mas a água fervendo indicava outra coisa e lá se vai tudo na boca das malditas piranhas. Fiquei com a maior cara de besta com a linha bamba, cortada pelas piranhas, enquanto assistíamos aquele frenesi até que não sobrasse mais nada do peixe e da isca. O saldo da manhã não foi ruim para mim, mas para o Piva os lagos ficaram devendo.

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No retorno o Piva sugeriu um banho de rio, que foi aceito de imediato, os prováveis 40° C de meio dia necessitavam de algo para resfriar. Numa praia de água corrente em pleno Cristalino tomamos um banho revigorante e esse ponto passou a ser parada obrigatória em todos os dias que seguiram.

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À tarde fomos atrás do para nós quase desconhecido apapá. Não totalmente desconhecidos porque já havíamos pego alguns em outras pescarias quando atrás dos tucunarés, mas nunca tínhamos feito uma pescaria tendo essa espécie como foco. Substituímos nossas iscas artificiais por um empate de aço flexível de 20 cm e um anzol 2/0 daqueles para robalos. A pescaria foi com isca viva, às famosas branquinhas. O piloteiro nos levou até um ponto onde ele disse que na semana anterior tinha pego de 7 a 10 exemplares nas tardes dedicadas ao apapá. Era uma curva no rio Araguaia onde havia um barranco alto e a água corria com força se lançando para o meio do rio. O lugar parecia promissor, mas depois de 1 hora poitados sem nada acontecer decidimos tentar outro lugar. Descemos um pouco o rio e poitamos bem no meio, um pouco antes de uma pedreira submersa que deixava a água um pouco agitada a uns 10 metros de nós. Iscas na água e a dificuldade era tentar imaginar se as iscas estariam no ponto certo, que segundo o piloteiro era logo depois das pedras, onde a água voltava a ficar calma.

Não demorou muito para o Piva sentir a puxada de um apapá e podemos dizer que o bicho é bruto, quando pega não tem frescura, puxa com vontade e dá-lhe fisgada porque ele tem a boca dura e não é fácil do anzol entrar. Depois de alguns maravilhosos saltos e isso ele faz muito bem, aquele peixe de um dourado que parece ouro estava do lado do barco. Foi fotografado e liberado rapidamente porque é muito sensível e morre rapidamente quando fora da água. Logo depois eu peguei o meu, e assim passamos a tarde nos divertindo com os apapás e eventualmente com algum indesejável barbado que pegava na isca.

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Legal, esse dia tinha sido melhor que o anterior, com mais ações na parte da manhã e também à tarde. À noite, saboreando um sashimi ( que passou a ser obrigatório em todas as noites ) planejamos o dia seguinte. A manhã seria igual, mas o que fazer a tarde ? ? ? Nosso piloteiro voltou a insistir nas pirararas, mas nos convenceu a tentar no Cristalino e não mais no Araguaia. Tudo bem, iríamos para mais uma tentativa, tucunaré / pirarara.

4ª feira;

Saímos à procura de lagoas e nesse dia encontramos uma delas muito grande, que permitia a entrada fácil do barco e com um estrutura fantástica nas margens. Começamos a pescar e nos surpreendemos nunca tínhamos estado num lugar com tanta traíra na vida. Era impressionante, qualquer lugar que jogássemos as iscas, lá estavam elas, dando porrada nas iscas e fazendo bagunça. Nesse momento notamos que não estávamos sozinhos na lagoa, haviam também uns 3 botos que faziam questão de que notássemos sua presença tamanha barulheira que faziam para respirar. Chegamos a brincar que deviam estar com tosse, asma, tuberculose, ou algo no gênero, porem notamos algo de curioso, bastava que engatássemos uma traíra para que os botos fizessem silêncio total.

Não demorou muito para percebermos que os bichos estavam viciados em comer os peixes soltos pelos pescadores, bastou chegarmos a um local mais raso para notar a movimentação embaixo do barco quando soltamos uma das traíras. É impressionante e chega a dar algum medo ver aqueles bitelos nadando como loucos por baixo do barco atrás dos peixes soltos, mais curioso ainda, era ver que eles não atacavam os peixes fisgados, somente os atacavam depois de soltos. Nessa hora, nosso piloteiro resolveu demonstrar como os bichos são espertos e pegou uma traíra morta, iscou na sua varinha, tomando cuidado para iscar por dentro da guelra para que o anzol não pudesse ser visto pelo boto. Traíra na água e o danado chegava pertinho com cara de que ia abocanhar mas numa manobra rápida se afastava como quem estava irritado, foram umas 3 investidas sem que a traíra fosse tocada. Nesse momento o piloteiro recolheu a linha, tirou o anzol e lançou a traíra novamente na água e, na primeira aproximação, o bicho notou que não havia linha presa àquela traíra e abocanhou sem cerimônia. Coisa interessante, mas que sem duvida nos orientava a mudar de ponto porque os tucunarés somem se há botos por perto e não queríamos passar a manhã toda pescando traíras.

Partimos para uma lagoa menor, mas com entrada difícil, que nos deixava livre dos botos. Outra coisa interessante é o numero de raias ( ou arraias ) que se encontra nos razeiros por onde arrastávamos o barco. Era preocupante e sempre tínhamos que ficar atentos porque pisar numa delas era relativamente fácil e isso poderia acabar com a pescaria. Voltando ao novo lago, ele era pequeno, mas promissor e em pouco tempo já pegávamos o primeiro tucuna. Ali foi uma festa, eles estavam na margem esquerda então batíamos toda esta margem e voltávamos ao inicio, tomávamos uma cerveja para descansar um pouco os pontos e vamos lá novamente. Os peixes compareciam sempre, ora nas iscas de superfície, ora na meia água ! Estávamos fazendo a festa !

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Depois de um certo tempo pescando, notamos um grande gavião negro que estava seguindo nosso barco. Ficamos espertos porque imaginávamos que a qualquer momento ele desceria atacando as iscas de superfície, mas acabamos percebendo que ele também era um viciado como os botos. Não demorou muito para entrar uma traíra que foi jogada para a terra a fim de testar a teoria. Dito e feito, o bichão desceu, comeu a traíra tranqüilamente de desapareceu.

Resolvemos terminar a manhã de pesca, porque o sol estava de matar, já eram quase meio dia e ESTAVAMOS PESCADOS. A manhã tinha sido fantástica e nos restava um banho de rio antes de voltar para o almoço.

Mesmo com o resultado fantástico da manhã, resolvemos manter o combinado e a tarde seria a vez das pirararas no Cristalino. Saímos um pouco mais tarde que o normal e subimos o Cristalino atrás de um lugar para o piloteiro pegar as piranhas e depois ir atrás de um ponto para poitar. Piranhas no barco seguimos para um local de água quase parada, uma boca de lagoa, e poitamos para a primeira tentativa. Depois de uns 40 minutos nesse lugar eu já começava a achar que não pegaríamos nada e sugeri que buscássemos outro ponto. Descemos o Cristalino e poitamos bem numa confluência entre o rio e uma saída de lago. A água corria um pouco, mas a profundidade era ridícula para pescar couro. Gostei do lugar mas fique descrente quando lancei a primeira isca e conferi a profundidade, não passava de 2 metros.

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Bom ficamos ali e o fim da tarde estava chegando, não havia mais tempo para mudarmos de lugar, então seria nesse ponto que finalizaríamos o dia. Ficamos alimentando piranhas e recolocando empates porque as desgraçadas não se contentavam apenas em comer nossas iscas e vez por outra cortavam nossas linhas. Na boca da noite, com a redução dos ataques das piranhas, senti a primeira pegada de um couro. Uma puxada decidida e forte ! Abaixo a ponta da vara e fisgo com vontade, uma breve tomada de linha e um estalo deixou o pescador na mão. Estourou a linha ( multi 80 lb ) com muita facilidade, provavelmente obra de alguma piranha que já havia puído e linha sem que eu notasse. Bom, tristezas à parte, elas estão por aqui...

Iscas na água e vamos pescar. Pouco tempo depois aquela puxada fantástica na vara do Piva que não bobeou e fisgou firme. A bicha era bruta e tomava linha do guindaste como quem está brincando, soltamos o barco e o piloteiro ligou o motor para nos levar à margem oposta já que descer o rio seria muito arriscado devido a grande quantidade de enrosco na margem que estávamos. O negocio seria atravessar o rio e puxar a bruta para fora do enrosco. Nesse momento o Piva já suava a bufava que dava gosto de ver, mas com calma foi trazendo o bichão. Ao lado do barco pudemos conferir o tamanho, era um peixe de respeito e colocá-la dentro do bote foi tarefa difícil.

Pose para as fotos e o peixe que tinha entre 25 e 30 kg foi devolvido para o Cristalino. Animados e de volta ao ponto começamos tudo novamente e em pouco tempo outra puxada na minha linha. Agora foi a ansiedade que me prejudicou, fisguei antes da hora e tirei o anzol da boca do peixe. As bichas estavam de fato ativas e minutos depois novamente o Piva sente a puxada e lá vamos nós para o outro lado do rio e lá vai o pescador naquela batalha maravilhosa. Era um peixe bem menor e se rendeu facilmente, como nunca tínhamos comido pirarara decidimos sacrificar esse exemplar para saboreá-lo mais tarde. Nisso o piloteiro vai dar uma conferida na boca do animal e para nossa surpresa lá estava o meu anzol, perdido pouco antes. Coisa curiosa, mas aquele bicha estava realmente com fome, coisas assim são raras de ver, ela atacou outra isca mesmo com o anzol espetado na parte interna da boca... Isso é que é fome.

E se elas estavam com essa fome, nós tínhamos iscas para dar. A noite já tinha caído, mas quem se importava ? ? ? ? Isca na água novamente e outra puxada, agora deixo a carretilha aberta, o peixe leva uns 5 metros de linha, dou ponta de vara e fisgo com vontade. Novamente uma corrida louca e novamente o estalo acaba com a minha alegria. É o fim do mundo, foram 3 puxadas e perdi os 3 peixes, faz parte. Mérito todo do Piva que com 2 puxadas teve dois peixes embarcados, sendo um deles de respeito.

Iniciamos o retorno para a pousada e nesse momento é que notamos o quanto é importante um piloteiro que conheça a região. Navegávamos na mais completa escuridão, com motor aberto, num rio que convenhamos, é bastante estreito e cheio de bancos de areia. Vez por outra ele reduzia a velocidade e pedia que iluminássemos algum ponto, eram os locais onde ele sabia que haviam paus e precisávamos passar com cuidado, fora isso era pé embaixo e logo estávamos de volta a pousada.

Dia perfeito, só nos restava o sashimi e acabar com a garrafa de whisky.

Essa sensação é divina, a sensação de estar pescado, de alegria, de euforia, de dever cumprido, de que valeu a pena, e por aí a fora...

Depois do jantar, fomos dormir porque amanhã haveria de ter mais.

5ª feira;

Como todos demais dias, acordamos, tomamos nosso café, colocamos as bebidas na caixa térmica e saímos em direção ao Cristalino. Só que hoje a saída era diferente, evidentemente não íamos a alguma lagoa desconhecida, mas acertamos que voltaríamos à mesma lagoa do dia anterior. Logo que chegamos nosso amigo gavião já deu o ar da graça e não demorou muito para os tucunarés começarem a festa. Na verdade eles estavam lá, porem não tão ativos quanto no dia anterior, ficamos algumas horas na lagoa e quando notamos que cessou a atividade partimos em busca de outros pontos. O dia estava bom e cada ponto que chegávamos um ou outro peixe entrava, mas nada que nos fizesse ficar no mesmo ponto por muito tempo. Fato relativamente raro aconteceu quando o Piva, usando meia água, engatou um peixe que brigava com força e no fundo. Pouco tempo depois lá estava uma cachara, pequena, valente atacou sem dó a isca e pudemos contabilizar mais uma espécie na lista. Foi a manhã da diversidade, varias espécies diferentes foram capturadas e pescamos nos mais variados locais, até no próprio rio Cristalino. O Piva foi imbatível nos tucunas, o dia era dele, por mais que minha competitividade provocasse era inútil, a cara estava no dia.

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Terminamos a manhã com o tradicional banho de rio e depois dos resultados da tarde anterior combinamos que naquela tarde faríamos o seguinte. Sairíamos atrás dos tucunarés, mas tentaríamos as pirararas no mesmo ponto na boca da noite. Lá fomos nós e os tucunas não estavam tão ativos quanto na parte da manhã, isso antecipou um pouco o deslocamento até o ponto das pirararas. Até porque nosso piloteiro tinha que capturar as piranhas para isca.

Ficamos poitados observando e fotografando um pequeno jacaré, que estava a menos de 2 metros de nós. Acabamos jogando uma piranha para o danado que usou uma tática interessante, como a piranha estava viva ele, ao invés de abocanhá-la preferiu deitar sobre a piranha e esperar a coitada morrer. Depois de algum tempo ele ?deu marcha ré? e mastigou a danada com vontade, é interessante imaginar a força do maxilar do animal porque a cada mordida dava para ouvir perfeitamente os ossos da piranha sendo moídos e em pouco tempo ele a engoliu.

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Bom, piranhas no barco, fomos para o ponto das pirararas. Poitamos e logo de cara notamos que as piranhas estavam mais ativas do que no dia anterior. Era lançar a isca e aquela tremedeira na ponta da vara começava e só parava quando não restava mais nada da isca. Um verdadeiro inferno. E claro, assim como no dia anterior algumas linhas cortadas, mas nada da tão esperada puxada da pirarara.

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Ficamos ali até cair a noite e quando as piranhas sossegaram um pouco sinto uma puxada daquelas... Depois do que tinha acontecido no dia anterior, todo cuidado era pouco, deixei o bicho levar uns metros de linha, dei ponta de vara e a fisgada foi certeira. Peixe de porte, saiu tomando linha como louco e a correria no barco começou. Solta a corda e da-lhe fierada para acionar o motor... O motor não pegou, nem na primeira, nem na segunda, nem na terceira... Afogou !

Nisso a quantidade de linha na água era grande sinal de que o peixe estava debaixo das tranqueiras. E novamente foi inevitável, o bicho passou a linha na pauleira e foi embora. Mais uma vez fiquei na mão sem pegar minha pirarara. A noite caia rapidamente e não tivemos mais nenhuma ação, o jeito foi retornar à pousada para as cervejas e porções. O dia seguinte seria de tucunarés pela manhã e apapas à tarde, fechando assim nossa semana de pesca.

6ª feira,

Partimos em busca de novos pontos e achamos uma lagoa de médio porte com entrada fácil, nem precisamos arrastar o barco. Logo na entrada um pequeno tucunaré atacou nossas iscas com vontade, foi o primeiro do dia. Um pouco mais para frente começou um festival, os bichos estavam loucos, atacavam as iscas como gente grande. O melhor de tudo é que estavam atacando somente na superfície, era um espetáculo, fora isso o tamanho melhorou consideravelmente ( para a região, evidentemente ) nada com menos de 2,5 kg. Foi um festival até que ao soltar um dos tucunas quase fomos derrubados do barco, novamente os botos nos encontraram. Ele pegou o tucuna, mesmo depois de ter levado uma varada minha. Na tentativa de proteger o tucuna instintivamente meti uma varada no boto, mas o bicho não se intimidou e segundos depois pudemos vê-lo com o pobre tucuna na boca.

Achamos que tinha acabado a pescaria, entretanto eles estavam tão ativos que ainda continuavam a atacar. Foi nessa hora que peguei o maior tucuna da pescaria, uns 3 ou 3,5 kg, a briga estava boa só que num determinado momento ele começou a tomar linha de forma desproporcional ao seu tamanho, foi então que vimos novamente o boto perseguindo o pobre tucuna. Achei que o boto tinha pego o peixe e que estava levando tudo embora, mas não, consegui fazer o peixe mudar de direção e aproximá-lo do barco, isso assustou um pouco o boto que deixou embarcar o peixe com calma. Para soltar o troféu todo cuidado era pouco, seguimos com o barco até a margem e soltei o tucuna no meio da pauleira. Aparentemente ele ficou ali a salvo do boto ladrão. Finalmente depois de um bom numero de capturas e de outros tantos ataques os botos venceram e os peixes se esconderam.

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Chegara a hora de trocar de lagoa, mas logo cedo já estávamos com a sensação de PESCADOS, uma quantidade de ataques dessa não é comum, muito menos sendo todos na superfície, era deleite total... Seguimos para outra lagoa que segundo o piloteiro era o reduto dos aruanãs. Dito e feito, chegamos lá e as víamos aos montes, cardumes com 3, 5, 8 peixes para todos os lados. Colocamos as famosas hélices pequenas e começamos a farra, bastava lançar depois do cardume trabalhar de forma a passar no meio deles que o instinto de competitividade falava mais alto. Normalmente não era o primeiro peixe que investia que era fisgado, era sempre o segundo ou terceiro, o primeiro vinha e refugava a isca, só que nesse momento outros já estavam atacando e lá vinha o espetáculo de saltos característicos da espécie.

Sempre depois de uma captura os peixes afundavam então ficávamos em silencio por alguns minutos apenas observando a superfície do lago, não demorava e lá apareciam os cardumes novamente a festa recomeçava. Muito divertido, ficamos ali até próximo da hora do almoço, ainda saíram umas traíras e um tucuninha. No retorno para a pousada não podia faltar o banho de rio, já que seria o ultimo.

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Chegamos para o almoço e a tradicional cochilada vespertina. Á tarde saímos atrás dos apapás. Paramos na corredeira da terça-feira e logo pegamos um cada, mas o piloteiro voltou a falar da outra corredeira ( onde não havíamos pegado nada na terça-feira ) e como que prevendo algo o Piva insistiu para que fossemos lá, já que o piloteiro dizia que os exemplares eram maiores. Chegando na corredeira, poitamos um pouco mais próximos ao barranco e começamos a pescar. Estranhamos um pouco a força muito maior da água, mas logo no meu primeiro lançamento, ainda deixando a linha sair livremente da carretilha para ganhar maior distância, sinto uma forte puxada, travo a carretilha e fisgo algumas vezes. Ao longe vejo um apapá saltando e para falar a verdade nem tive a noção de que ele era grande, só escutei o piloteiro falando ? "não falei que os bichos aqui eram maiores, olha lá..." Eu travava a briga com o bicho que puxava forte, porem eu achava que a diferença era somente a força da água. Quando o bicho encostou do lado do barco fiquei realmente surpreso, eu nunca tinha visto uma apapá tão grande e embarcado o bicho pesou 4 kg, um exemplar de porte. Provavelmente esse tenha sido o meu maior peixe em toda a semana.

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Ficamos mais um tempo por ali e uma coisa interessante aconteceu com a linha do Piva... Depois de um tempo sem puxada o Piva começou a recolher a linha e hora estava pesada e parecia trazer peixe noutro momento estava leve como se a linha tivesse sido cortada. Ao recolher toda notamos que ela estava enroscada exatamente embaixo do barco e como estávamos pescando a uns 30 metros do barco e sem chumbada concluímos que algum peixe acabou trazendo a linha e entocando embaixo do barco. De qualquer forma não teve salvação, tivemos que estourar a linha e começar novamente. Ficamos ali mais alguns minutos esperando outro grandão, ele não apareceu e decidimos voltar ao ponto inicial onde os bichos eram menores porem atacavam mais freqüentemente nossas iscas. Nesse ponto ainda pudemos pegar mais alguns apapás e contemplar o ultimo por de sol no ultimo período da nossa pescaria.

http://i10.photobucket.com/albums/a140/mpedreira/Pesca%202007/P8180454.jpg + http://i10.photobucket.com/albums/a140/mpedreira/Pesca%202007/P8180456.jpg

No retorno para a pousada o silencio pairava no barco, cada qual, pelo menos eu e o Piva, agradecíamos pela ótima semana curtindo aquela sensação de ESTAMOS PESCADOS.

Daqui para frente seria aquela rotina chata de desmontar toda a tralha, arrumar as malas para partir na manhã seguinte e pagar a conta restante na pousada.

Sábado,

Nosso retorno começou bem cedo, às 6:00 h da manhã quando já estávamos com as malas do lado de fora do quarto e nosso piloteiro já as transportava para o barco. Um rápido café e saímos para nosso retorno que foi 1:45 h de barco até o porto + 1 h do porto a Fiovelasco, naquela estrada de terra razoável e depois, tome asfalto. Inicialmente pensamos em dormir em Uberlândia, depois em Uberaba, depois em Ribeirão e acabamos tocando direto para São Paulo, chegando na casa do Piva umas 2 h da manhã do domingo. Isso foi ótimo, apesar do cansaço de viajar tantas horas seguidas, porque o Piva tinha um aniversário ( sobrinha ) na hora do almoço em Campinas e eu tinha mais uma horinha até o Guarujá. Dormimos até umas 8h, tratamos de ajeitar as coisas e demos por encerrada nossa pescaria de 2006.

O balanço da viagem foi extremamente positivo. Não houve nenhum problema que nos deixasse apreensivos ou que ameaçasse o brilho do passeio. Claro que tivemos momentos relativamente fracos de pescaria, que foram compensados por momentos realmente mágicos.

Os amigos Mocorongos fizeram falta... Compartilhar esses momentos com vocês é sempre muito agradável, mas se não foi dessa vez, quem sabe em 2007 ? ? ? ?

Para encerrar bem ao estilo Mocorongo ? podemos considerar essa como uma pescaria inesquecível.

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Belo relato e otima pescaria.

So deixa eu dar um palpite, pescaria de pirarara com linha multi eu acho que não da muito certo não, a linha não tem resistencia ao atrito, qualquer lugar que ela respar vai acabar partindo, talvez por isso voce não tenha conseguido embarcar as danadas.

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Só faltou dizer que a dupla paulista ( Wilsão & Piva ), conhecida "no meio Mocorongo" como Jurupoca & Jurupensém, é um par ( não é "casal" ) muito estimado e querido por todos nós ! Contrariamente aos nossos hábitos de "recrutamento" de "novatos", no caso deles, nós é que fomos recrutados pela dupla, numa das poucas pescarias que fizemos sem ser com um Grupo exclusivo ( em 2002, no bh Felipana, e nos lagos do rio Tupana - lá para os lados do rio Madeira ). Desde então vêm frequentando nossas pescarias, com humor e enorme senso de companheirismo ! :D

Essa pescaria no Araguaia aconteceu numa época em que eles haviam optado em conhecer algo "diferente" da Amazônia, nosso destino dos últimos anos, daí a razão deles estarem em dois... Mas ( só para se ter uma idéia da fominhagem ), Wilsão Jurupoca acabou seguindo conosco ( também em 2006 ) para Barcelos, numa desistência na semana que antecedia o embarque ( acho que ele embarcou no susto e na pressão do Grupo ! ). A decisão que tomou não deve ter sido ruim, pois embarcou um tucuna de 2 dígitos ( é o do avatar - lembrando seus quase 2 m de altura ) e faturou o troféu ( e estrela ) da pescaria... :shock: :twisted:

Quanto ao relato, já era meu conhecido, e ANTES que cobrem, é preciso lembrá-lo da necessidade de postar a foto da Pirarara embarcada, embora imagine que a mesma deva estar na máquina fotográfica do Piva, digo Jurupensém... Mesmo assim, a descrição da pescaria é riquíssima nos detalhes e situações vividas ! Tenho certeza que será bem aproveitada por muitos daqui do Fórum... Parabéns pela sua sensibilidade meu amigo ! :wink:

Resta saber agora Jurupoca, se vai continuar na "ficela", ou vai embarcar com o Grupo 20 dos Mocorongos ( faltam 120 dias )! Ficar "na encolha" esperando desistência poderá não funcionar desta feita... e você já sabe que ESTA PESCARIA, será inesquecível ! :wink:

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Grande Jurupoca, como apaixonado e zeloso que sou pelo Araguaia, só posso agradecer um relato com tamanha paixão e adimiração por este rio de minha terra.

Se todos leram com o mesmo foco que eu li se arrepiaram e conheceram bastante do Araguaia e Cristalino.

Só faltou a foto da pirarara e do cachara.

No mais, o Cristalino é "realmente cristalino" mais afastado da barra com o Araguaia, subindo o rio, onde ele é bem estreito, chega a ser ter águas tão cristalinas que eu colocava a namorada na proa da canoa e navegava, era o mesmo que apresentar um aquário, cardumes de piaus, tucunarés, cacharinhas, etc, etc, etc... passando por baixo da canoa. Uma lindeza só. :lol:

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Oi Amigos,

Essa foi a primeira vez que estive na região do Araguaia e em minha opinião ali juntamos o melhor de dois mundos. Os peixes amazônicos (embora o tucuna seja de pequeno porte. Mas tucuna é sempre tucuna) e a paisagem exuberante do pantanal mato-grossense. A fauna e flora deixa qualquer um de queixo caído, passar uns dias pescando por lá é de lavar a alma.

Xandeco ? Na próxima vez que estiver por lá vou subir mais o Cristalino para encontrar as águas que você falou. Com água mais limpa a pesca deve ficar um pouco mais complicada, mas em compensação o banho de rio deve ficar DIVINO.

A foto da pirarara do Piva até que existe, mas já era noite e como eu fotografei com a máquina dele, acabei não ligando o flash e adivinha????? Eu bem que tentei fazer algum milagre digital, mas não tive sucesso.

Cachara ? Eu também achei o máximo os bichos folgados comedores de peixes doados. O gavião coitado foi bem simpático, só ficava olhando com cara de pidão esperando uma refeição fácil, já os botos é de dar raiva. Quando eles estão na lagoa os tucunas desaparecem, é um saco você fazer todo um ?sacrifício? para chegar numa lagoa linda e promissora e dar de cara com botos ladrões. Mas faz parte né......

Pesca Pesada ? Reconheço que a multi não é a melhor linha para atrito, mas minha carretilha me limita, acabo usando multi pelo diâmetro menor e consequentemente consigo ter mais linha no tambor. Mas nessa pescaria confesso que não foi só isso que atrapalhou, eu é que não tava nos meus dias para a pirararas. Meu companheiro Piva usava exatamente a mesma linha e tirou todos os peixes que puxaram e eu, que tive mais puxadas que ele, não tirei um sequer. Pegar as pirararas que fugiram é uma ótima desculpa para voltar lá, não é mesmo?????

A região do Araguaia / Cristalino merece ser conhecida.

Quem ainda não conhece precisa conhecer.

Um abraço a todos.

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